Folha de S. Paulo


Morre aos 90 anos o artista plástico e escritor uruguaio Carlos Páez Vilaró

O pintor, escultor, muralista, escritor e compositor uruguaio Carlos Páez Vilaró morreu nesta segunda-feira (24), aos 90 anos, em sua residência Casapueblo, em Punta Ballena, perto do balneário de Punta del Este, de acordo com familiares.

Vilaró, que tinha sido operado várias vezes do coração, morreu nesta manhã na famosa residência que construiu ao longo de décadas na confluência do rio da Prata e o Atlântico, uma "escultura habitável" moldada com suas próprias mãos, que se transformou também em um museu e uma das principais atrações turísticas do país.

Uma bandeira negra foi içada em frente à residência em sinal de luto por sua morte.

"Estava com uma insuficiência cardíaca severa, seu coração estava muito mal, tinha os átrios dilatados. Ele lutou até o final", afirmou sua secretária, María Dezuliari.

O corpo de Páez Vilaró será levado hoje mesmo para Montevidéu, onde será velado em um prédio da Associação Geral de Autores do Uruguai e enterrado amanhã em local ainda não definido.

Nascido em Montevidéu em 1923, Vilaró passou boa parte de sua juventude em Buenos Aires, mas voltou ao Uruguai nos anos 1940 interessado pelas tradições do candombe (ritmo afro-uruguaio) e do Carnaval locais. Ele acabou se tornando uma das figuras mais associadas aos movimentos de cultura africana em seu país.

"Viajei a todos os países latinos onde os negros estão presentes, até terminar indo à África. Visitei país por país, até o Congo. Pintei o palácio do presidente zulu e passei grandes momentos ali", contou Vilaró em entrevista ao jornal argentino "La Nación".

Nos anos 1950, Vilaró dirigiu o Museu de Arte Moderna de Montevidéu. Na época, criou seus murais mais famosos, entre eles o que adorna a sede da Organização dos Estados Americanos em Washington, o hotel Conrad, em Punta del Este, e hospitais e aeroportos na Argentina, no Chile, no Panamá e no Haiti.

Em 1972, Vilaró ficou famoso por uma tragédia. Seu filho, Carlos, era um dos jogadores de rúgbi a bordo do avião uruguaio que caiu na cordilheira dos Andes, no Chile. O artista se envolveu no resgate até encontrar o filho vivo e relatou a experiência no livro "Entre Mi Hijo y Yo, La Luna", sem edição brasileira.

Vilaró deixa a mulher, Annette Deussen, e seis filhos.


Endereço da página:

Links no texto: