Folha de S. Paulo


Dono de 'tesouro nazista' se diz 'aberto à responsabilidade histórica'

Em sua primeira manifestação pública após a descoberta de sua coleção de 1.400 obras de arte suspeitas de terem sido confiscadas pelos nazistas, o marchand alemão Cornelius Gurlitt criou um site em que seus advogados afirmam que ele está "aberto à responsabilidade histórica".

Na página em alemão com trechos em inglês, a defesa de Gurlitt afirma que "não há bases legais que o possam compelir a devolver as chamadas obras saqueadas", lembrando que pela lei alemã esse tipo de reclamação só é válida até 30 anos depois do suposto roubo das peças.

AFP
Imagens divulgadas pelas autoridades alemãs; entre elas, há obras de Delacroix, Antoine Watteu, Pissaro, Paul Gauguin e Cezanne
Imagens divulgadas pelas autoridades alemãs; entre elas, há obras de Delacroix, Antoine Watteu, Pissaro, Paul Gauguin e Cezanne

Além de um conjunto de 1.400 obras encontradas em 2012 em seu apartamento em Munique, um caso divulgado no ano passado em reportagem da revista "Focus", autoridades também encontraram outros 60 quadros em uma casa de Gurlitt em Salzburgo, na Áustria.

Entre as peças, estão obras de Matisse, Renoir, Monet e Picasso –um acervo avaliado em até US$ 1 bilhão, embora especialistas não tenham chegado a um consenso sobre esse valor.

O texto divulgado em seu site, que traz uma fotografia de um homem anônimo encabeçando a página, diz ainda que "Gurlitt sabia desde o início que havia herdado do pai uma coleção da chamada arte degenerada que era propriedade pública alemã", afirmando que "ele não tinha ciência de que o conjunto incluía obras que possam ter sido saqueadas" de colecionadores judeus.

Ainda segundo o site, Gurlitt estima que apenas 3% das mais de mil obras agora confiscadas pelas autoridades alemã e austríaca tenham sido adquiridas de modo ilegal e afirmou que está "preparado para chegar a uma solução satisfatória com herdeiros que reivindicam a posse dessas peças", dizendo ser este um "compromisso voluntário motivado por questões morais".


Endereço da página: