Folha de S. Paulo


Filme colombiano retrata fim do mundo melancólico e não apocalíptico

Um fim do mundo que não seja apocalíptico. Em "Crônica do Fim do Mundo", longa colombiano em cartaz em São Paulo desde sexta-feira (31), a iminência do término da vida não provoca desespero e correria; no lugar disso, há melancolia e medo.

"É uma perspectiva da América Latina. Enfrentamos problemas todos os dias. O fim do mundo é todo fim de mês, quando temos que pagar as contas", diz Maurício Cuervo, diretor de "Crônica".

A produção do longa, considerado o melhor filme colombiano do festival de Cinema de Bogotá em 2012, custou cerca de US$ 8 mil (R$ 19 mil), sem apoio público ou privado.

Divulgação
Felipe (Jimmy Vásquez) e o pai, Pablo (Victor Hugo Morant), em cena do filme 'Crônicas do Fim do Mundo', de Mauricio Cuervo
Felipe (Jimmy Vásquez) e o pai, Pablo (Victor Hugo Morant), em cena do filme 'Crônicas do Fim do Mundo', de Mauricio Cuervo

Como a extinção da vida na terra de "Melancholia" (2011), de Lars von Trier, o fim de "Crônicas" é marcado por ausências. "O filme é, sim, melancólico", diz Cuervo. "Havia um pouco de intenção de que fosse assim, mas não foi de todo consciente. Isso foi surgindo."

No filme, um senhor chamado Pablo (Víctor Hugo Morant) e seu filho, Felipe (Jimmy Vásquez), temem o fim do mundo que aconteceria em dezembro de 2012, segundo uma profecia maia.

Pablo, de certa forma, já vive seu próprio fim de mundo –no longa, aparece há 20 anos trancado em seu apartamento, traumatizado pela morte da esposa, vítima numa explosão de uma bomba em Bogotá.

Como quem não tem "nada a perder", nas palavras de seu filho, Pablo resolve ligar então para seus antigos desafetos para resolver contendas do passado.

Enquanto isso, Felipe, pai pela primeira vez, enfrenta os medos de colocar um filho num mundo que pode ou não acabar. "Tenho medo que o mundo acabe porque tenho um bebê e tenho medo que o mundo não acabe porque tenho um bebê", diz sua mulher.

"O presente dos personagens está marcado pela nostalgia e pela ausência e, o futuro, pela incerteza e pela desesperança", diz Cuervo.

"Às vezes, cada um de nós leva 'fins do mundo' nas costas. Um amor que vivemos, alguém querido que morreu, algum espaço que perdemos na vida. Há muitos 'fins de mundos' pequenos", diz. "E há fins irremediáveis, como a morte de alguém que amamos."

CRÔNICA DO FIM DO MUNDO
DIREÇÃO Maurício Cuervo
PRODUÇÃO Colômbia, 2012
ONDE Espaço Itaú - Frei Caneca
CLASSIFICAÇÃO 12 anos


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