Folha de S. Paulo


Diretor húngaro premiado em Cannes, Miklós Jancsó morre aos 92 de câncer

O cineasta húngaro Miklós Jancsó, indicado cinco vezes a melhor diretor no Festival de Cannes e vencedor da categoria em 1972, com o filme "Salmo Vermelho", morreu nesta sexta (31) aos 92 anos de câncer no pulmão, de acordo com a família.

Jancsó era conhecido por suas longas tomadas, sem cortes, e as reflexões sobre o relacionamento entre homens comuns e poderosos.

O prolífico diretor, responsável por mais de 30 longas, sofria de câncer no pulmão havia algum tempo, disse sua família à agência de notícias húngara MTI.

Rita Molnár/Wikimedia Commons
Miklós Jancsó em sua casa, em 2000
Miklós Jancsó em sua casa, em 2000

Seu primeiro filme para o cinema foi realizado aos 37 anos, "A Harangok Rómába Mentek" (1958). Sete anos depois, ele recebia sua primeira indicação como melhor diretor em Cannes por seu trabalho em "Os Sem Esperança".

Apesar de perder naquele ano, em 1972 ele foi o escolhido na categoria por "Salmo Vermelho". No elaborado filme, baseado em uma revolta camponesa do século 19, Jancsó levou seu estilo ao extremo ao usar apenas 26 longas tomadas.

Aos 57 anos, o cineasta recebeu um prêmio pelo conjunto da obra em Cannes.

"Nós perdemos o maior diretor húngaro de todos os tempos, um pensador e um verdadeiro democrata", disse à MTI o diretor Bela Tarr, ganhador do Urso de Prata de Berlim com o filme "O Cavalo de Turim". "Estamos mais pobres por causa disso. Sentiremos sua falta para sempre."

Mais tarde em sua vida, Jancsó mudou seu estilo e passou a usar o caos como a base de seus filmes, o que o fez obter menos sucesso comercial.

Além de diretor, ele era presidente do sindicato dos diretores da Hungria e concorreu diversas vezes ao Parlamento como um candidato liberal.

Casado três vezes, ele deixa quatro filhos.


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