Folha de S. Paulo


Na Itália, cartaz mostra Brad Pitt em vez de protagonista negro de filme

Se dependesse apenas do que está sendo veiculado na Itália, o filme "12 Years a Slave" (no Brasil, "12 Anos de Escravidão"), do diretor britânico Steve McQueen, poderia ser uma história sobre homens brancos, estrelada pelos atores Brad Pitt e Michael Fassbender.

Mas o longa-metragem, entre os mais bem cotados para a estatueta do Oscar de melhor filme, conta a história de um homem negro, vivido pelo britânico Chiwetel Ejiofor, que é o protagonista, Solomon Northup.

Reprodução
Poster do filme
Poster do filme "12 Years a Slave" na Itália; a distribuidora do filme foi acusada de racismo porque priorizou o rosto de Brad Pitt, que mal aparece no filme

Nascido livre no Estado norte-americano de Nova York, ele é raptado e forçado à escravidão. Michael Fassbender vive o vilão, proprietário alcoólatra da fazenda onde trabalham os escravos.
A BIM Distribuzione, empresa responsável pela distribuição do drama na Itália, escolheu cartazes em que os rostos de Pitt e Fassbender estão estampados -diferentemente do cartaz americano, em que só Ejiofor aparece.

Na versão italiana, o protagonista aparece pequeno, num canto inferior.

Um porta-voz da distribuidora americana Lionsgate, cuja filial Summit Entertainment é responsável pela distribuição internacional do filme, afirmou à revista "Variety" que a empresa recolheria os cartazes.

Segundo o representante da Lionsgate, os pôsteres não foram autorizados pelos produtores do filme.

Sem declarar nada sobre o caso, a BIM Distribuzione voltou atrás, na terça-feira, ao postar no Twitter o cartaz com Ejiofor -igual à peça distribuída nos EUA-, com a frase: "Aqui para vocês, o pôster final do filme".

No Brasil, o filme será distribuído pela Disney e tem estreia prevista para fevereiro. A distribuidora, no entanto, afirmou que ainda não definiu o conteúdo dos pôsteres, que devem ficar prontos no próximo mês.

BOM MOÇO

Brad Pitt também é produtor do filme e já havia recebido críticas por fazer o papel de único branco bom moço do longa, um abolicionista. As cenas em que aparece não chegam a somar cinco minutos dos 134 minutos totais.

Ejiofor e Fassbender foram indicados ao Globo de Ouro de melhor ator em filme dramático e melhor ator coadjuvante, respectivamente. O longa concorre na categoria de melhor filme de drama.


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