Folha de S. Paulo


Paralisação de servidores fecha Biblioteca Nacional e palácio Gustavo Capanema, no Rio

Cerca de 700 servidores do Ministério da Cultura, segundo estimativas do sindicato, paralisaram suas atividades nesta terça (26), fechando a Biblioteca Nacional e o palácio Gustavo Capanema, no Rio, em protesto por melhores condições de trabalho, mais investimento na cultura e cumprimento de acordos salariais passados.

Organizada pelo Fórum das Associações de Servidores da Cultura (www.facebook.com/culturapedesocorro), a paralisação de 24 horas não atingiu os museus federais da cidade, que continuaram com suas exposições abertas. Em frente à Biblioteca Nacional, no centro, quatro cartazes colados em frente ao portão fechado denunciavam as más condições do prédio e da carreira de trabalhador da cultura.

"Patrimônio abandonado pelo MinC! Museus e bibliotecas caindo aos pedaços", diz um dos cartazes. Outro deles questiona o investimento no setor (0,6% do orçamento federal), comparando-o com o total gasto para pagamento de juros da dívida (45%).

Marco Aurélio Canônico/Folhapress
Cartazes da paralisação dos servidores do Ministério da Cultura nesta terça-feira (26), no Rio
Cartazes da paralisação dos servidores do Ministério da Cultura nesta terça-feira (26), no Rio

"Mais um ano chega ao fim e a situação dos trabalhadores federais da Cultura permanece inalterada. Museus e Biblioteca Nacional em péssimo estado de conservação, palácio Gustavo Capanema sem refrigeração, pontos do acordo de 2007 ainda sem cumprimento por parte governo, gratificações de desempenho superando o vencimento básico e reajustes salariais (apenas sobre as gratificações) de 5% ao ano até 2015, o que nem sequer repõe a inflação do período. A cada ano que passa somos mais desvalorizados, perdemos poder aquisitivo e vemos aprofundada a política de desmonte do serviço público", escreveram os servidores em nota oficial.

Além do cumprimento dos acordos salariais, os trabalhadores pedem novos concursos públicos para repor a evasão dos concursados, que chegou a 53% nos últimos anos --dado agravado pelo fato de que 35% dos servidores da cultura se aposentam até 2017, segundo os manifestantes.

Eles protestam ainda contra a criação da Funpresp (Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal), que altera o regime previdenciário dos servidores e foi regulamentada pelo governo em março passado.

A Folha tentou entrar em contato com o Ministério da Cultura desde a última sexta (22), quando a paralisação foi anunciada, mas não obteve resposta até a conclusão deste texto.


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