Folha de S. Paulo


Obras brasileiras têm maiores preços em leilões de arte da América Latina em NY

Uma escultura triangular em alumínio da artista brasileira Lygia Clark liderou o leilão latino-americano da Phillips, coroando uma semana de vendas de arte regional nas quais as obras brasileiras comandaram os maiores preços.

"Bicho Invertebrado", obra de 1960 de Clark, foi vendida por US$ 1,8 milhão de dólares em um leilão na noite de quinta-feira (21) que produziu US$ 6 milhões.

"Ficamos animados com a forte resposta dos colecionadores", disse Henry Allsopp, diretor global de arte latino-americana da Philips, sobre o leilão, do qual também participaram artistas de Venezuela, Argentina, Chile, México, Porto Rico, Cuba e Colômbia.

Reprodução/phillips.com
"Bicho Invertebrado", obra de Lygia Clark leiloada por US$ 1,8 milhão em Nova York

Allsopp afirmou que a peça de Clark tinha sido prometida para uma retrospectiva da artista no próximo ano no Museu de Arte Moderna de Nova York.

Composta por seis triângulos articulados, a peça de Clark foi projetada para ser manipulada pelas pessoas para criar várias configurações.

Clark, que morreu em 1988, disse que fez cada uma de suas peças "Bicho" para parecer, via interação tátil, "um organismo vivo, principalmente uma obra ativa".

ARTE BRASILEIRA

A Phillips vendeu em maio passado outra escultura abstrata de Clark, em Nova York, por US$ 2,2 milhões, alcançando o mais alto preço no leilão por uma obra de um artista brasileiro.

Aquela peça era de 1959, o ano seminal em que Clark e outros artistas brasileiros fundaram o movimento neoconcreto. Seu manifesto pede a interação das pessoas com a arte geométrica.

No leilão Phillips, todos os dez principais lotes eram de peças contemporâneas brasileiras, inclusive "Homenagem a Fontana I", de Nelson Leirner, vendida por US$ 359 mil dólares, um recorde para o artista.

Enfatizando a forte demanda desta semana por arte abstrata brasileira nos leilões de Nova York, a obra de 1964 de Sérgio Camargo "Sem Título (Escultura No. 21/52)", foi vendida por US$ 2,1 milhões na Sotheby's na quarta-feira (20), um recorde para o artista.

As obras vendidas pela Christie's na terça-feira também bateram recordes para dois artistas brasileiros vivos, Abraham Palatnik e Tomie Ohtake.

Explicando o sucesso das obras brasileiras, o chefe de arte latino-americana da Sotheby's, Axel Stein, disse: "Há um novo impulso no mundo de colecionadores brasileiros. Há mais conhecimento, há mais exposições, eles têm um forte mercado local".


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