Folha de S. Paulo


Espanhola Buika faz melhor show do Back2Black antes de cantar em SP

Com o calor e a força de um sol, a espanhola Concha Buika, 41, venceu o clima chuvoso e os problemas de organização do Back2Black no domingo (17) e fez o melhor show desta edição do festival, encerrada ontem, na Cidade das Artes, no Rio.

Teatral e dramática, herdeira de uma tradição de cantoras de língua espanhola com voz rascante e repertório romântico-trágico --como a mexicana Chavela Vargas--, Buika mostrou grande domínio de cena e uma incrível entrega sentimental aos versos que canta, levando seu público numa montanha russa emocional.

Acompanhada apenas pelo ótimo pianista cubano Ivan "Melón" Lewis e pelo percussionista espanhol Ramón Porrina, Buika mostrou um repertório de canções tradicionais, como a ranchera "En El Último Trago" e o bolero "Se Me Hizo Fácil".

Visivelmente emocionada com sua estreia no Brasil --ela ainda se apresenta no Tom Jazz, em São Paulo, na terça (19) e na quarta (20)--, a espanhola chegou a chorar em cena e agradeceu repetidas vezes à plateia que encheu, mas não lotou a Grande Sala (1.220 lugares) da Cidade das Artes.

Sua felicidade era evidente não apenas em seu sorriso constante, mas no bom humor com que tratou o público, fazendo piadas e trocando gracejos com os admiradores.

Sintonia semelhante entre cantora e audiência foi vista no show que antecedeu o da espanhola: Mart'nalia fazendo homenagem a Vinicius de Moraes.

Divulgação
A cantora espanhola Concha Buika em apresentação no Festival Back2Black no Rio de Janeiro
A cantora espanhola Concha Buika em apresentação no Festival Back2Black no Rio de Janeiro

Prejudicada por um atraso de mais de 90 minutos (e que só fez aumentar a partir de então), a carioca entrou no palco enquanto os equipamentos ainda estavam sendo ajustados e teve problemas com seu microfone, quase inaudível no início.

Tocou em frente na base do bom humor, mas suas versões de "Sabe Você", "Regra Três" e "Sei Lá (A Vida Tem Sempre Razão") ficaram parecendo um ensaio de passagem de som.

Depois de ajustes tardios, a apresentação melhorou e teve bons momentos em "Pra que Chorar" e "Formosa", mas Mart'nalia, esquecendo algumas letras e desafinando ocasionalmente, venceu mais pela simpatia do que pela qualidade do espetáculo.

A outra grande estrela internacional da noite, o americano Bobby Womack, teve problema inverso ao de Mart'nalia: seu show tecnicamente impecável sofreu com um público minguado (menos da metade da lotação da Grande Sala), por conta do atraso de três horas (começou às 23h50).

Também fazendo sua primeira apresentação no Brasil, o veterano Womack, 69, mostrou que os sucessivos problemas de saúde não afetaram sua voz, mas a longa espera e suas inúmeras baladas soul e R&B acabaram esfriando o já desanimado público, com reflexo na própria performance do cantor.

O melancólico encerramento nem teve um bis, porque a plateia abandonou a sala. Talvez Womack tenha melhor sorte em seu show amanhã (19), no HSBC Brasil, em São Paulo.


Endereço da página: