Folha de S. Paulo


Exposição revê projetos residenciais do modernista Gregori Warchavchik

Enquanto esquenta o debate em torno das casas da rua Berta, uma exposição que entra em cartaz em dezembro no Centro Universitário Maria Antonia deve rever os maiores projetos residenciais de Gregori Warchavchik e alguns de seus desenhos nunca construídos, como suas propostas para o Conjunto Nacional e o edifício Itália.

Nascido na atual Ucrânia e formado em Roma, Warchavchik chegou a São Paulo um ano depois da convulsão causada pela Semana de 1922. Seus projetos ganharam a simpatia da vanguarda estética paulistana, mas chocavam o establishment pela total ausência de ornamentos.

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Foi assim com a casa que construiu para a própria família, na rua Santa Cruz, as casas econômicas da rua Berta, a duas quadras dali, e mais adiante com as residências que fez por encomenda, nas ruas Itápolis e Bahia.

Nem todas elas estão conservadas. Seus prédios, como um pequeno edifício na alameda Barão de Limeira, no centro da cidade, há muito perderam a pureza estrutural de quando erguido em 1939.

Mas todos, entre mais e menos degradados, como o Cícero Prado, também no centro, deixam ver como Warchavchik, em sintonia com Le Corbusier, enxergava residências como máquinas de morar --estruturas econômicas e racionais acima de tudo.

Outro ponto que se sobressai na mostra organizada por José Lira, especialista em Warchavchik e professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, é a forma como os prédios e casas do arquiteto se integram ao entorno e à paisagem urbana.

"São projetos notáveis de arquitetura urbana, muito representativos da arquitetura social moderna", diz Lira. "É possível reconhecer na obra dele possíveis desenhos para toda a cidade, de arranha-céus a espaços públicos."

Mauro Restiffe, fotógrafo conhecido por suas imagens de construções modernistas no país, também deve exibir junto da mostra na Maria Antonia um ensaio inédito realizado no edifício Cícero Prado, em que a fusão do prédio de Warchavchik com a metrópole parece mais evidente.

"Tem uma peculiaridade nos elementos arquitetônicos do Warchavchik", diz Restiffe. "Essa maneira como ele trabalha com linhas contínuas rompe com várias visões mais tradicionais do espaço."

No ensaio, Restiffe enfatiza esse ponto retratando de baixo para cima as sacadas curvilíneas dos dois blocos de apartamentos e também com imagens do fosso das escadas, que parecem espirais infinitas de concreto.


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