Folha de S. Paulo


Músico Keziah Jones traz seu 'som futurístico africano' ao Brasil

Envolto numa capa vermelha e empunhando uma guitarra, um super-herói corre em meio à favela de Makoko, na cidade de Lagos, na Nigéria. A cena é do videoclipe de "Afronewave", novo single do nigeriano Keziah Jones, 45, que vem ao Brasil como uma das atrações do festival Back2Black, no Rio.

Em sua primeira passagem pelo país, o guitarrista toca no primeiro dia do evento dedicado à música africana contemporânea, na próxima sexta (15). No dia 18 ele estará de volta à França, onde mora atualmente, para o lançamento de seu sexto disco de estúdio, "Captain Rugged", do qual "Afronewave" faz parte.

"Sempre quis ir para aí, porque amo a música brasileira", diz o músico à Folha, por telefone. "O seu país conseguiu usar elementos africanos para fazer uma coisa totalmente nova nas canções."

Ele cita como referências nomes do que ele chama de "música clássica do Brasil": Tom Jobim, Caetano Veloso e Tom Zé. "Da música atual eu ainda não ouvi muito, mas espero conhecer durante o festival."

Ainda pouco conhecido no Brasil, Keziah Jones é um nome importante do blues na Europa desde a década de 1990. Ou, melhor, do 'blufunk', que é como ele define sua música --uma mistura entre o blues e o funk americano, com um estilo próprio do compositor de tocar a guitarra, usando o polegar direito para bater as cordas e criar percussão.

"É o som que eu criei para competir com o barulho das ruas", diz Jones, que iniciou sua carreira musical com performances no metrô londrino na adolescência. "Como eu não tinha quem me acompanhasse, tive de criar uma música que chamasse a atenção das pessoas e fosse maior do que simplesmente tocar violão: é corda e percussão ao mesmo tempo."

Keziah define sua nova canção, "Afronewave", como algo "meio híbrido, uma mistura punk-funk": "Tentei usar a guitarra como se usa o kora [instrumento de cordas típico do Mali e do Senegal], mas num estilo próximo do grupo Parliament-Funkadelic", afirma. "É a minha ideia do que seria uma versão futurística da música africana."

Kelechi Amadi Obi/Divulgação
O músico nigeriano Keziah Jones, vestido como o super-herói Captain Rugged em gravação de seu clipe,
O músico Keziah Jones, vestido como o super-herói Captain Rugged em gravação de seu clipe, "Afronewave", em Lagos (Nigéria)

KEZIAH JONES NO FESTIVAL BACK2BLACK
QUANDO 15/11 (sex.), às 21h
ONDE Cidade das Artes (av. das Américas, 5.300, Barra da Tijuca, Rio)
QUANTO R$ 70
CLASSIFICAÇÃO 16 anos


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