Folha de S. Paulo


Marcelo Jeneci lança disco para ser ouvido como faixa única

Três anos depois de "Feito pra Acabar", seu disco de estreia, o cantor e compositor Marcelo Jeneci lança agora "De Graça", álbum só de inéditas que lhe "fez um bem horrível", como conta e ri.

Para o paulistano de 31 anos, o novo trabalho representa o amadurecimento que a estrada e o palco lhe trouxeram desde 2010, quando canções românticas como "Pra Sonhar" caíram no gosto do público e fizeram decolar nacionalmente sua carreira --embora, como multi-instrumentista, tenha começado aos 17 acompanhando Chico César e Arnaldo Antunes, entre outros artistas.

"De Graça", que sai pelo selo Slap, da Som Livre, com financiamento do projeto Natura Musical, está disponível, tal qual o nome, em streaming gratuito no site de Jeneci desde a última sexta-feira (18).

Detalhe: não é possível ouvir individualmente as faixas. De propósito, a pedido do cantor, o disco toca em uma sequência única de pouco mais de 48 minutos. "É a minha sugestão: parar um pouco no tempo e ouvir direto, que faz a diferença", explica.

Em formato físico, em CD e vinil, deve chegar às lojas em 10 de novembro. No digital, serão postas à venda duas versões, uma mais compactada e outra com som de alta qualidade.

ISOLAMENTO

Para que "De Graça" nascesse, Jeneci passou três meses do último inverno gravando o disco no Rio de Janeiro. Simbolicamente, a faixa-título foi divulgada na internet em 21 de setembro, um dia antes do início da primavera.

A criação o fez sumir de São Paulo durante o período. "Precisei sair de todos os compromissos, como tocar com o Arnaldo [Antunes] e fazer shows. Foi quase um surto."

"'Feito pra Acabar' era mais sereno, mais macio. Agora, há mais pulso, mais bateria. Tem uma onda menos tímida, mais convicta. Já compus pensando no show", conta ele, que buscou referências no indie rock e na psicodelia de bandas como Tame Impala.

"É como se o álbum todo trouxesse um único recado: fala sobre as intensidades do viver", resume Jeneci, que, para além das mudanças musicais, aparece em visual repaginado, com lápis preto no olho e pó brilhoso na pele, na capa do disco.

Na produção, contou novamente com Kassin e teve o novo reforço de Adriano Cintra (ex-CSS, atual Madrid). Para os arranjos orquestrais, foi chamado Eumir Deodato, que trabalhou com nomes como Tom Jobim e Frank Sinatra. Nos vocais, assim como em 2010, aparece a voz doce da cantora Laura Lavieri.

Otimismo e reflexão sobre a vida são a tônica do disco, que tem composições em parceria com Arnaldo Antunes ("Alento" e "Tudo Bem, Tanto Faz"), Luiz Tatit ("O Melhor da Vida"), Arthur Nestrovski ("Só Eu Sou Eu"), Raphael Costa ("9 Luas") e Isabel Lenza, "amiga barra namorada", como define, que, curiosamente, não é profissional da música, mas contribuiu em seis canções.

Isabel, que acompanhou as gravações no Rio, também registrou todo o processo em vídeo. O material deve ser lançado no próximo ano.

O primeiro show com o novo repertório está marcado para 15 de novembro em Belo Horizonte, no Sesc Palladium. Em 30 de novembro, toca no Circo Voador, no Rio. Em São Paulo, deve começar a se apresentar em janeiro.

Veja vídeo


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