Folha de S. Paulo


Tenho zero interesse em transformar 'Calvin e Haroldo' numa animação, diz cartunista

O cartunista Bill Watterson, 55, criador dos quadrinhos "Calvin e Haroldo", disse que não pretende transportar seus personagens para as telas do cinema e da televisão porque acredita que "não há vantagens" em uma adaptação.

A declaração foi dada em rara entrevista de Watterson, concedida à revista americana "Mental Floss".

Reprodução
Os personagens Calvin e Haroldo (o tigre), criados pelo cartunista Bill Watterson
Os personagens Calvin e Haroldo (o tigre), criados pelo cartunista Bill Watterson

"A sofisticação visual da Pixar me impressiona muito, mas tenho zero interesse em transformar 'Calvin e Haroldo' numa animação", afirmou. "Se você já comparou um filme com um romance no qual ele foi baseado, você sabe que o romance é espancado [no momento da adaptação]. É inevitável, porque mídias diferentes têm forças e necessidades diferentes, e, quando você faz um filme, precisa servir ao filme. Como uma tirinha, 'Calvin e Haroldo' funciona exatamente do jeito que eu quero. Não há vantagens em adaptá-la."

Segundo o cartunista, o fato de não querer adaptar sua obra criou o mito de que ele tinha total controle sobre ela, mas ele não obteve essa "autonomia incrível" até que todas as tirinhas fossem publicadas.

"Eu abri mão de todos os meus direitos [sobre a tirinha] para me tornar sindicalizado, então não tinha controle sobre meu próprio trabalho", disse. "Não poderia levar a tirinha comigo se me demitisse e nem evitar que o sindicato me substituísse, então fiquei realmente com medo de perder tudo."

Para Watterson, por mais que ele lutasse pelos direitos do criador ter suas ideias e crenças expressas em sua obra, seu contrato para a publicação de "Calvin e Haroldo" tornava essa questão "irrelevante".


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