Folha de S. Paulo


Quarta temporada de 'Walking Dead' questiona possível volta à normalidade

O ator inglês Andrew Lincoln gosta de dizer que nunca viveu tanto tempo ao lado de um homem, no caso o xerife americano Rick Grimes, seu personagem no seriado de zumbis "The Walking Dead", cuja quarta temporada estreia no Brasil na terça (15).

Ainda assim, ele nunca o viu nas telas, nem quando o criador da trama o convidou para assistir à estreia em sua casa. "Parei de me ver cinco anos depois que comecei a atuar. Era um exercício doloroso, não ajudava. Nunca vi o seriado na vida. Dizem que é bom", brinca.

Grimes lidera sobreviventes num mundo pós-apocalíptico, um grupo que inclui seus filhos e que aumenta de número nesta nova etapa, com a chegada de crianças e mulheres resgatadas de uma cidade. O xerife já passou por vários bocados, como a morte da mulher durante um parto, e agora espera um certo respiro.

"Será sobre recuperação. O que mais me fascina nos seres humanos é que passamos por tanto trauma nas nossas vidas mas sempre encontramos capacidade para cicatrizar", diz Lincoln, 40. "Esta temporada está encapsulada na pergunta: 'Podemos voltar ao que fomos antes, passar por cima de tanta brutalidade e amar de novo, viver de novo?'".

A série ganha um novo personagem, Bob Stookey, um médico militar com problemas com álcool. Nos quadrinhos nos quais o programa é baseado, Bob é branco e tem 60 e poucos anos, mas na TV será interpretado pelo ator negro Lawrence Gilliard Jr., conhecido pelo seriado "The Wire".

Quando Bob aparece pela primeira vez na história, ele está com o grupo faz apenas uma semana, após ser encontrado na floresta. "Ele é um sobrevivente solitário que batalha com seus demônios pessoais", conta Gilliard. "Não li os quadrinhos, queria trazer algo fresco para o papel."

Novato no set, ele descreveu a sensação "esquisita" de chegar num lugar infestado de zumbis. "Era meu primeiro dia, estava sentado no carro esperando, era cedo ainda. E, de repente, surge alguém ao longe andando em minha direção. Pensei que era alguém da equipe e logo vi um zumbi. Foi quando caiu a ficha e enlouqueci. Legal!"

Gale Anne Hurd, produtora-executiva de "The Walking Dead", conta que a série chega a gravar com até 200 zumbis nos sets. Anúncios atrás de extras são publicados na cidade de Atlanta, onde o programa é feito, e a produção criou até uma "escola de zumbis" para treinar tanta mão de obra.

"Hoje já chamo de 'universidade de zumbis'", ela brinca. "Sempre fazemos no começo de cada temporada. Há pessoas que são naturais. E eu sei que estragaria as cenas", continua Hurd, levantando da cadeira e mostrando uma caminhada desengonçada de zumbi.

"Cada pessoa precisa criar um zumbi crível, que seja parte do universo mas não idêntico. Quem você foi antes de virar zumbi? Onde foi mordido, como morreu? E trazer tudo isto para a caracterização", explica. "Não pode parecer uma múmia. Nem todo mundo consegue boas notas."

NA TV
Walking Dead
Estreia da 4ª temporada
QUANDO amanhã, às 22h30, na Fox
CLASSIFICAÇÃO 16 anos


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