Folha de S. Paulo


Alice Munro é superestimada e Nobel é uma piada, diz escritor Bret Easton Ellis

O escritor americano Bret Easton Ellis disse nesta sexta (11), em sua conta no Twitter, no qual tem 424 mil seguidores, que a canadense Alice Munro, vencedora do Nobel de Literatura de 2013 é "completamente superestimada".

Autor de obras como "O Psicopata Americano", "Abaixo de Zero", "Lunar Park" e "Suítes Imperiais" e com vários títulos adaptados para o cinema, o autor ainda desprezou o Nobel de Literatura, que chamou de "uma piada".

Crítica: Bret Easton Ellis reencontra 'Abaixo de Zero' após 25 anos

"Alice Munro sempre foi uma escritora superestimada e, agora que ganhou o Nobel, sempre será. O Nobel é uma piada e é assim há tempos...", escreveu.

Easton Ellis vai na contramão de escritores como Jonathan Franzen, Jeffrey Eugenides e Margaret Atwood, que elogiaram a escolha da contista canadense de 82 anos.

Gabriel Bouys - 30.ago.2013/AFP
O escritor Bret Easton Ellis no Festival de Veneza 2013, no qual foi exibido o filme 'The Canyons', do qual é roteirista
O escritor Bret Easton Ellis no Festival de Veneza 2013, no qual foi exibido o filme 'The Canyons', do qual é roteirista

Munro foi anunciada na manhã de quinta (10/10) como vencedora do Nobel de Literatura. A Academia Sueca a definiu como "mestre do conto contemporâneo".

"Suas histórias se desenvolvem geralmente em cidades pequenas, onde a luta por uma existência decente gera muitas vezes relações tensas e conflitos morais, ancorados nas diferenças geracionais ou de projetos de vida contraditórios", destacou a instituição responsável pelo prêmio.

Nascida em 10 de julho de 1931, em Wingham, Munro já revelou que desde os 14 anos soube com certeza que queria ser escritora. "Mas, naquela época, você não saía anunciando uma coisa dessas", disse recentemente. "Você não chamava a atenção. Talvez fosse por ser canadense, talvez por ser mulher. Talvez ambos."

A canadense, que já foi chamada pela escritora Cynthia Ozick de "a Tchéckhov dos norte-americanos", tem 14 livros publicados e já ganhara prêmios internacionais de prestígio, como o Man Booker Prize de 2009.

Munro só começou a conquistar reputação com seu quinto e seu sexto livro, "The Moons of Jupiter" (1982) [As luas de Júpiter] e "The Progress of Love" (1986) [O progresso do amor]. Lentamente, então, ela ascendeu ao que Atwood chamou de "santidade literária internacional".

Em 2009, a escritora revelou que se submeteu a uma cirurgia de ponte de safena e foi tratada de câncer. Em abril deste ano, enfrentou a morte de seu segundo marido, Gerald Fremlin. Ela mora atualmente em um chalé do século 19, onde Fremlin foi criado. Em julho, a contista havia anunciado que se aposentaria.

OBRAS NO BRASIL

No Brasil, Alice Munro tem quatro livros publicados: "Ódio, Amizade, Namoro, Amor, Casamento" (2004), pela Editora Globo, "A Fugitiva" (2006), "Felicidade Demais" (2010) e "O Amor de uma Boa Mulher" (2013), todos editados pela Companhia das Letras.

Nesta quinta (10), pouco após o anúncio do Nobel, Globo e Companhia das Letras anunciaram novas edições da autora no país. Além da reedição, em dezembro, de "Ódio, Amizade, Namoro, Amor, Casamento", a Globo informou que lançará, em 2014, "Selected Stories" (1996), "Runaway" (2004) e "The View of Castle Rock" (2006), pelo selo Biblioteca Azul. A Companhia das Letras divulgou que publicará em dezembro o último livro da autora, "Dear Life".


Endereço da página:

Links no texto: