Folha de S. Paulo


Marta diz que razões de Paulo Coelho para desistir de Frankfurt não ficaram claras

A ministra da Cultura, Marta Suplicy, lamentou nesta quarta (9), durante entrevista coletiva na Feira de Frankfurt, a ausência de Paulo Coelho nesta edição do evento, que tem o Brasil como país homenageado.

Coelho anunciou na véspera do evento sua decisão de cancelar a participação na delegação de escritores do Brasil, alegando ter feito isso em protesto pela ausência de autores comerciais, como Eduardo Spohr, Raphael Draccon e Thalita Rebouças.

Após ter pedidos ignorados pelo MinC, Paulo Coelho desiste de Frankfurt

Marta disse que fez falta ter na feira "o escritor brasileiro mais vendido no mundo" e que não chegou a "entender as razões" do escritor, "porque elas não combinam". Segundo ela, a informação da desistência do autor lhe chegou cerca de uma semana antes do evento.

"Lamento que ele tenha desistido. É um grande escritor, o mais vendido do Brasil. Não entendemos as razões porque elas não combinam, mas ele continua sendo o autor mais vendido do Brasil e é uma pena que o maior escritor brasileiro em vendas e fãs não tenha podido comparecer a um evento em que o Brasil é homenageado."

Contou que, ao saber da desistência, tentou entrar em contato com o escritor, sem resposta, e recorreu tanto ao escritor Fernando Morais, amigo de Coelho, quanto a Juergen Boos, diretor da Feira de Frankfurt, para convencê-lo. "Conseguimos um auditório para ele fazer uma noite de autógrafos depois dos discursos de abertura, mas ele não aceitou."

Questionada sobre por que ofereceu um auditório se a demanda dele era por outros escritores comerciais na lista, disse que o assunto está "rendendo mais confusão do que devia". Fontes ligadas ao MinC dizem que Coelho esperava um tratamento especial por ser o escritor brasileiro mais vendido no mundo e que queria fazer o discurso de abertura, que ficou a cargo de Luiz Ruffato e Ana Maria Machado.

" [Oferecemos o auditório] porque parece que ele estava com dificuldade de aceitar as condições ou a forma que as coisas estavam acontecendo. Nada de muito concreto, mas ninguém estava entendendo muito. Se essa lista está desde março na rua, se existe uma indignação pela lista, por que não falou antes?", disse, buscando um tom conciliador.

Tanto Marta quanto o curador Manuel da Costa Pinto disseram nunca ter sido informados da demanda dele por outros autores comerciais.

"Se ele disse que fez tudo o que podia para trazê-los, mas a demanda não chegou até mim, que estava responsável pela seleção, nem até a ministra, nem a Juergen Boos...", comentou Manuel. "O fato é que buscamos fazer um recorte que pegasse todas as tendências, e ele representava justamente a tendência comercial que reivindicou na lista."


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