Folha de S. Paulo


Após maratona de filmes, Marat Descartes volta ao teatro em monólogo

O cinema nacional descobriu Marat Descartes como um ator para fazer papéis de: um, 'losers'; dois, pais de família de classe média baixa. Talvez seja a careca. Ou um tipo bonachão que há mais de quinze anos o teatro paulistano conhece.

Depois de transitar com desenvoltura por espetáculos do circuito experimental de São Paulo --entre eles o premiado "Aldeotas", ao lado de Gero Camilo-- Descartes mudou o rumo de sua trajetória. Passou a destacar-se em papéis centrais no cinema a partir de 2009, quando atuou no longa de Sérgio Bianchi 'Os Inquilinos', interpretando um trabalhador acuado pela chegada de vizinhos barulhentos.

No ano passado, esteve em "2 Coelhos" no papel de um chefe de quadrilha, vilão que fugiu ao estereótipo pé de chinelo.

Em "Super Nada" fez um artista de rua. A enxurrada prosseguiu com os filmes "O Tempo e o Vento", de Jayme Monjardim, e dois filmes de Gustavo Galvão, "Nove Crônicas para um Coração aos Berros" (2012) e "Uma Dose Violenta de Qualquer Coisa" (2013).

O trânsito por sets de filmagem não o tirou dos palcos, embora a frequência tenha caído praticamente pela metade. "Eu fazia duas peças por ano, mais ou menos, agora tento fazer pelo menos uma", diz.

Agora, o ator está em cartaz com o monólogo "O Natal de Harry", que cumpre temporada até o dia 31 no Cit-Ecum, em São Paulo, com direção de Georgette Fadel, uma antiga companheira, que também o dirigiu em "Primeiro Amor" (2007), de Beckett, que rendeu a ele um prêmio Shell.

Em "O Natal de Harry", Marat faz um sujeito solitário, angustiado pela aproximação de uma noite de Natal. Sua solidão toma forma em um diálogo interno. O personagem propõe questões, e ele próprio as responde, falando sozinho. Há também conversas, por telefone, com sua mãe.

Descartes se refere aos seus trabalhos no cinema como uma abertura para descobertas. "Filmes são uma espécie de artesanato em que você tem domínio de cada quadro. No teatro o jogo é diferente, não há tanto controle das situações", diz.

Nesta semana não haverá apresentações da peça "O Natal de Harry", porque Descartes está em Frankfurt, onde atuará no Projeto Puzzle, compilação de espetáculos teatrais com textos de jovens autores brasileiros e direção de Felipe Hirsch. A montagem faz parte da agenda paralela da Feira do Livro de Frankfurt.

O NATAL DE HARRY
QUANDO qua. e qui., às 21h, até 31/10 (não haverá apresentações nos dias 9 e 10/10)
ONDE Espaço Cit-Ecum (r. da Consolação, 1.623, tel. 0/xx/11/3129-9132)
QUANTO R$ 40
CLASSIFICAÇÃO 12 anos


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