Folha de S. Paulo


Bob Mould emenda clássicos punks e atende o público em SP

O visitante desavisado que passou pelo Sesc Pompeia na noite de ontem, deve ter imaginado que ali dentro da Choperia se apresentava uma banda com, ao menos, três guitarras.

A impressão se dava pela intensidade com que o americano Bob Mould tocava.

Ex-integrante das cultuadas bandas punks Husker Dü e Sugar, Mould veio ao país pela primeira vez para apresentar seu mais recente álbum solo, "The Silver Age".

Mas o que se viu durante pouco menos de 1h30 de apresentação foram pouquíssimas músicas novas e um caminhão de canções de seus antigos grupos. Justamente o que o público esperava.

Aos 52 anos, apesar do físico levemente arredondado, Mould está muito mais do que em forma. Canta exatamente com a mesma força e brilho, pula, se movimenta sem parar e interage constantemente com os músicos que o acompanham, os excelentes Jon Wurster e Jason Narducy.

Com o público, distribuiu sorrisos, mas não houve muito papo. Emendando uma música atrás da outra, o americano montou blocos temáticos durante o show. As cinco primeiras canções foram a mesma sequência de abertura de "Cooper Blue", disco mais popular do Sugar.

"'The Act We Act", "A Good Idea", "Changes", "Helpless" e "Hoover Dam" serviram para mostrar que a fórmula do punk com muita melodia, desenvolvida por Mould desde o final da década de 1980, ainda é extremamente impactante.

As excelentes composições de seu álbum solo, mais calmas, prepararam o espaço para a sequência final de músicas do Husker Dü.

O público, que esgotou os ingressos das duas datas em São Paulo, passou a cantar cada trecho de músicas como "Could You Be The One?, "I Apologize", "Something I Learned Today", "If I Can't Change Your Mind" e "Makes No Sense At All". Mould ainda se apresenta hoje, às 20h, no Rio de Janeiro.

Há pouco mais de duas semanas atrás, seu ex-parceiro de Husker Dü, Grant Hart, esteve na cidade para se apresentar apenas no formato voz e violão. Em contraste, Mould entregou um show cheio de energia e muita guitarra para quem não teve a oportunidade de ver as bandas originais na sua época, mas teve no Sesc uma pequena mostra do que aquilo representou.

Na primeira noite em São Paulo, Mould reclamou com um garoto que não parava de filmar o show, acompanhando a apresentação pela tela de sua câmera. Pediu mais olho no olho com o público.

Sorte de quem obedeceu.

BOB MOULD
QUANDO hoje, às 20h
ONDE Circo Voador, Rua dos Arcos, 1, Centro - Rio de Janeiro
QUANTO R$ 160


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