Folha de S. Paulo


Ascensão e decadência dividem musical 'Cazuza'

Quem vem com tudo não cansa, quem tem um sonho não dança. Esta é uma filosofia que Agenor de Miranda Araújo Neto não apenas cantou, mas viveu intensamente, e que está retratada no musical sobre sua vida, "Cazuza - Pro Dia Nascer Feliz".

Com duas horas e meia de duração (mais intervalo de 15 minutos), a peça tem dois atos bem distintos: o primeiro é leve e divertido como o jovem astro em ascensão.

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Tudo que fazia parte do "show" do cantor está em cena: as bebedeiras e as drogas, a promiscuidade bissexual, a sensibilidade poética refletida em suas composições.

Rony Maltz/Folhapress
Parte do elenco do musical 'Cazuza - Pro Dia Nascer Feliz', durante ensaio no Theatro Net Rio, onde montagem estreia sexta (4)
Parte do elenco do musical 'Cazuza - Pro Dia Nascer Feliz', durante ensaio no Theatro Net Rio, onde montagem estreia sexta (4)

O segundo ato é marcado pela decadência física causada pela Aids, doença que o mataria, e o aumento dos excessos e da agressividade.

"Não tinha como passar batido por essa parte mais difícil. Ele foi a primeira pessoa a enfrentar a doença publicamente, e isso foi muito importante dentro da vida e da obra dele", diz o diretor João Fonseca, que já havia levado aos palcos a vida de outro célebre "doidão", Tim Maia.

"O Tim é alegria, irreverência. O Cazuza tinha humor, mas era rock, tinha um lado mais forte, visceral, ia nesse lugar 'down' que o Tim não ia, em termos musicais. É isso que eu tento traduzir, a peça vai ficando mais pesada, não tem como falar disso sem ser emocional", diz Fonseca.

Editoria de Arte/Folhapress

O musical narra a vida do cantor cronologicamente e usa suas canções "quase como diálogos", como diz Aloísio de Abreu, autor do texto.

"Exagerado" vira uma conversa imaginária entre mãe e filho, "Eu Queria Ter Uma Bomba" é usada na briga com Frejat e a saída do Barão Vermelho, e "Ideologia" mostra o despertar da consciência política, já na fase das internações por causa da Aids.

Além das biografias, Abreu se baseou em conversas com Lucinha Araújo, com o namorado de Cazuza, Serginho Maciel, e com amigos como Roberto Frejat e Ney Matogrosso --todos retratados em cena. (MARCO AURÉLIO CANÔNICO)

CAZUZA - PRO DIA NASCER FELIZ, O MUSICAL
QUANDO estreia amanhã; qui. e sex., 21h; sáb., 18h e 21h30; dom., 19h
ONDE Theatro Net Rio (r. Siqueira Campos, 143, Copacabana, Rio, tel. 0/xx/21/ 2147-8060)
QUANTO R$ 100 a R$ 150
CLASSIFICAÇÃO 16 anos


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