Folha de S. Paulo


Após polêmica da Lei Rouanet, Pedro Lourenço cancela desfile de moda em Paris

O estilista Pedro Lourenço, 23, cancelou o desfile do verão 2014 de sua marca na semana de moda em Paris, em outubro, para o qual havia obtido autorização para a captação de até R$ 2,8 milhões via Lei Rouanet. A lei é um mecanismo de fomento à cultura por meio de isenção tributária.

No lugar do desfile de moda, Lourenço exibirá suas criações por meio de uma apresentação digital, como já havia feito com a coleção de inverno 2014 em março desse ano. O desfile digital deve ser transmitido em 1º de outubro, durante a semana de moda de Paris.

Segundo sua assessoria, não houve tempo hábil para a captação de recursos para o desfile de outubro. O estilista teria até 31 de dezembro para captar recursos para os projetos, que inclui também um desfile na semana de moda de Paris em março de 2014.

Conforme revelou a Folha, Lourenço foi autorizado a captar recursos via Lei Rouanet em agosto. Seu projeto havia sido rejeitado pela Comissão Nacional de Incentivo à Cultura (Cnic), grupo que decide quem pode captar por meio da lei, mas uma intervenção da ministra da Cultura, Marta Suplicy, reverteu a decisão.

O caso gerou um debate nacional sobre a validade da inclusão da alta costura entre os setores que podem recorrer à Lei Rouanet.

Avener Prado 19.mar.2013/Folhapress
O estilista Pedro Lourenço no evento 'Le Brésil Rive Gauche', homenagem da loja de departamento Le Bon Marché ao Brasil
O estilista Pedro Lourenço no evento 'Le Brésil Rive Gauche', homenagem da loja de departamento Le Bon Marché ao Brasil

Além de Lourenço, os estilistas Alexandre Herchcovitch, 42, e Ronaldo Fraga, 46, obtiveram aprovação para captar recursos por meio da lei de incentivo.

A ministra justificou a aprovação dos projetos citando o "soft power", conceito que propõe fortalecer a imagem do país no exterior a partir de bens imateriais: "O Brasil luta há muito tempo para se introduzir e ter uma imagem forte na moda internacional. Essa oportunidade tem como consequência o incremento das confecções e gera empregos. E é um extraordinário soft power' no imaginário de um Brasil glamouroso e atraente".

Na época, setores culturais protestaram contra a aprovação dos projetos de moda na Lei Rouanet.

Uma carta assinada por oito entidades culturais foi enviada à Marta Suplicy, contestando o precedente aberto para que numerosos empreendimentos de mesmo perfil, incluindo os de grande porte", recebessem o incentivo fiscal.

No começo de setembro, Marta se reuniu com representantes do setor têxtil na sede da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção). Na ocasião, ela desejou "good luck" ("boa sorte", em inglês) a Lourenço na execução de seu projeto.


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