Folha de S. Paulo


Em show correto, mas prejudicado pelo som, Slayer homenageia guitarrista morto

No primeiro show da banda no Brasil sem o guitarrista Jeff Hanneman, morto em maio, vítima de uma cirrose, o Slayer mostrou que os brutos também têm coração. Na apresentação deste domingo (22), o grupo californiano, um dos mais importantes do thrash metal, dedicou três músicas ao músico, emocionando o público que compareceu em massa ao palco Mundo.

A homenagem aconteceu já no fim da apresentação. Enquanto a banda tocava "South of Heaven", "Raining Blood" e "Angel of Death", o telão exibia imagens de Hanneman em diversos shows e em gravações da banda e Araya exibia os dizeres "Jeff Hanneman (1964-2013) - Ainda reinando", uma referência ao principal disco do grupo, "Reign in Blood".

Não foi o único desfalque do Slayer para o Rock in Rio. Também no começo do ano, o baterista Dave Lombardo foi demitido da banda. Mas nada de homenagem para o instrumentista, substituído pelo ótimo Paul Bostaph, que já havia tocado com a banda em outras ocasiões. Para o lugar de Hanneman, Gary Holt foi convocado, mas nem sua participação impecável o fará largar seu trabalho principal, com o Exodus.

Se os substitutos foram bem, os membros mais famosos, o baixista e vocalista Tom Araya, e o guitarrista Kerry King, sofreram nas mãos do técnico de som. A guitarra de King, uma das mais poderosas e rápidas do rock, ficou quase inaudível, enquanto Araya cantava e o som não ajudava, mal equalizado e baixo.

As músicas escolhidas não saíram da mesmice que o Slayer trabalha há pelo menos quatro anos. A abertura veio com a "nova" "World Painted in Blood", que batiza o último álbum da banda, e com a pouco animadora "Disciple", de 2001. Mas o Rock in Rio veio abaixo em seguida com "War Ensemble", canhão que abre "Season in the Abyss".

Araya só foi se dirigir ao público na quarta canção, "Mandatory Suicide". "Queria falar sobre liberdade. Qual lugar melhor do que aqui? Vocês têm a vida que muitas pessoas gostariam", discursou o vocalista em um tema recorrente.

Indo contra os problemas nos alto-falantes, a banda disparou pancada depois de pancada. "Die By The Sword" abriu uma imensa roda de pogo no meio da multidão e "Season in the Abyss" tratou de levar o inferno ao palco Mundo, deixando todo mundo em dúvida: quem diabos escalou o Avenged Sevenfold, que daria a alma para ter o peso e a fama do Slayer para fechar a noite antes do Iron Maiden?


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