Folha de S. Paulo


Grace Potter impressiona mais pela beleza do que pelo som

Papo real durante o show da cantora Grace Potter com sua banda, a Nocturnals: "Amigo, quem está tocando?", pergunta um desavisado para um sujeito que parecia conhecer a artista americana de 30 anos. A resposta resume bem o espírito do espetáculo: "Não sei, mas é mó gostosa".

Sim, os atributos físicos de Grace foram a grande atração do show que abriu a noite do palco Sunset. E ela não fez questão de esconder. Apesar de começar a apresentação usando uma bata riponga e tocando "Never Go Back", coescrita pelo Black Keys Dan Auerbach, a loira aproveitou a segunda canção, a mais energética "Turntable", para tirar a vestimenta, revelando um microvestido dourado com um revelador decote.

O strip-tease de Grace Potter (ela já estava sem sapatos) foi interrompido por algo que quase ficou em segundo plano, a música. Foi quando entrou o guitarrista e compositor Donavon Frankenreiter, jogando a líder do Nocturnals e sua voz de alto alcance para o teclado. Amado pelos surfistas, o folk beira de praia do veterano caiu como uma luva entre o público carioca, que cantou junto "Free", "It Don´t Matter" e "Move By Yourself", três de seus maiores hits.

Sua saída foi marcada, adivinhe, por um cover --a grande moda entres as atrações menores do festival. Já com Grace de volta ao microfone (e ao rebolado) e com Frankenreiter na guitarra, "Miss You", dos Stones foi levada como se a banda estivesse em um luau de luxo.

A sequência do show de Potter & The Nocturnals melhorou infinitamente. Com a líder também na guitarra, a bluesy "Nothing But The Water (1)" mostrou porque a vocalista ganhou comparações (ok, exageradas) com Janis Joplin.

Não deixou a peteca cair ao emendar com o hit "Paris (Ooh La La)", mas poderia ter parado aí. No meio de "The Lion, The Beast, The Beat", que batiza o último álbum do grupo, os fogos de artifício do palco principal avisaram que Grace tinha estourado o tempo.

Ela não ligou. Mandou "Medicine" mesmo com o pessoal indo embora. E entre um "uno mas" e termos em espanhol, disse em português: "Amo todos vocês, galera." Teve marmanjo sorrindo nesta hora.


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