Folha de S. Paulo


Metallica encerra com clássicos o primeiro dia de heavy metal do Rock in Rio

Quando você vende 100 milhões de discos e é o grupo de rock pesado mais famoso do mundo, ganha alguns privilégios. Um deles é fazer o mesmo show toda noite e, mesmo assim, ser ovacionado pelos fãs.

Foi o que aconteceu na madrugada de sexta-feira no Rock in Rio: o Metallica fez um show muito parecido com o dos últimos meses --18 músicas em pouco mais de duas horas de duração, com a grande maioria do repertório de 1991 para trás-- e pôs mais de 80 mil pessoas para urrar.

A banda subiu ao palco à 0h35 de sexta, com meia hora de atraso. Ao som da trilha sonora do faroeste "Três Homens em Conflito", do italiano Ennio Morricone, James Hetfield (guitarra e voz), Lars Ulrich (bateria), Kirk Hammett (guitarra) e Robert Trujillo (baixo) subiram ao palco e emendaram dois petardos das antigas, "Hit the Lights" e "Master of Puppets", este cantado em coro pelo público.

Hetfield parecia de bom humor. Por várias vezes agradeceu ao público e saudou a "família Metallica": "Nós temos o melhor emprego do mundo, vamos pro trabalho e encontramos vocês", disse, apontando para a enorme plateia.

Um dos melhores momentos do show foi "The Memory Remains", do álbum "Reload", de 1997. Mesmo não sendo uma das músicas mais pesadas e agressivas da banda, foi muito bem recebida pelos fãs, que cantaram o final por alguns minutos, "regidos" por Hetfield.

O cantor disse que havia gostado da banda sueca Ghost B.C., que havia tocado na mesma noite, e perguntou à plateia o que ela havia achado. Muitos vaiaram. "Eu sei, vocês ficaram com medo!", ironizou Hetfield. "Não se preocupem, era só uma máscara", disse, referindo-se às fantasias usadas pelos suecos.

Das 18 músicas do show, cinco foram do famoso disco "Metallica", também conhecido por "Álbum Preto", de 1991, o mais popular da banda. Duas músicas desse LP, "Sad But True" e, especialmente "Enter Sandman", levantaram a multidão.

No fim, uma trinca matadora: "Creeping Death", "Battery" e "Seek and Destroy", botando o público heterogêneo, que reunia desde quarentões que acompanham o Metallica desde os anos 80 a adolescentes que conheceram a banda há pouco. A "Família Metallica" é assim, uma mistura de idades e tipos.

Desde 1991, quando "Enter Sandman" transformou o quarteto em banda de estádio, o Metallica saiu do gueto do heavy metal. Hoje, quem procurar na Internet vai achar versões de "Enter Sandman" em pagode e sertanejo universitário. Há muito tempo, o Metallica não é do metal, mas do mundo.


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