Folha de S. Paulo


Sepultura faz metal-batucada com franceses do Tambours du Bronx

Quando Andreas Kisser, o guitarrista do Sepultura, pegou o microfone para gritar que "finalmente o dia do metal chegou" no Rock in Rio, incluindo alguns palavrões, sua empolgação reverberou na plateia de camisas pretas.

A mais respeitada banda brasileira de metal estava de volta ao festival, novamente acompanhada dos percussionistas franceses do Tambours du Bronx, para abrir o palco Mundo, no início da noite desta quinta-feira (19), após uma elogiada apresentação conjunta na edição de 2011.

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Que o thrash metal do Sepultura se mescla bem com uma batucada já estava provado desde que a banda lançou "Kaiowas" (no disco "Chaos AD", 1993), canção instrumental inspirada pela tribo indígena homônima.

E foi justamente ela que deu início à quebradeira, logo após uma imensa queima de fogos --a mais elaborada entre todos os shows de abertura do palco Mundo. Nos telões, um vídeo estilizado mostrava os índios e terminava com as palavras "Belo Monte", em protesto contra a instalação da usina homônima.

Em meio a tantos artistas tirando uma casquinha das manifestações recentes na base do discurso, o Sepultura lembrou que sua música é uma das mais apropriadas trilhas sonoras para o que tem sido visto nas ruas.

Não por acaso, a célebre "Refuse / Resist", uma das melhores da banda, veio acompanhada de um vídeo com cenas dos conflitos entre manifestantes e policiais.

"Eu queria todo mundo de punho para cima, mostrar para o mundo que o Brasil não está dormindo. Muda, Brasil", disse Kisser, antes de a banda mostrar "Sepulnation".

Apesar de não ser o membro mais antigo --título que cabe ao baixista Paulo Jr.--, o guitarrista é o principal símbolo do Sepultura em sua formação pós-irmãos Cavalera, que tem ainda o americano Derrick Green nos vocais e o baterista Eloy Casagrande.

O show teve espaço ainda para canções pouco memoráveis do Tambours du Bronx (17 músicos que batem furiosamente em barris de óleo reciclados) e para uma versão de "Firestarter", do Prodigy, que sentiu falta da parte eletrônica original.

No encerramento da apresentação, registrada em vídeo para um futuro DVD, os brasileiros voltaram às raízes indígenas (e africanas) com "Roots Bloody Roots", um de seus maiores sucessos, fazendo as rodas de "pogo" se abrirem. Finalmente o dia do metal chegou.


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