Folha de S. Paulo


Minha responsabilidade é minimizar riscos, diz vice do Rock in Rio sobre captação

"Minha responsabilidade é minimizar meus riscos. Se existe uma lei que permite usar incentivo fiscal para o projeto, por que eu não pediria esse apoio?"

É assim que Roberta Medina, filha do criador do Rock in Rio e vice-presidente do festival, responde ao questionamento da Folha sobre o pedido do festival para captar patrocínio valendo-se da Lei Rouanet.

Rock in Rio capta R$ 8,8 milhões via Lei Rouanet

"A gente não faz nada que a lei não permita. Ela gera uma maior segurança para o nosso negócio, porque nos permite atrair mais patrocinadores. Temos de ter uma estimativa de ganhos que interesse aos empresários."

Mas, sendo um evento que tem fontes de renda milionárias (como ingressos e patrocínios) e que reconhecidamente teve "bons resultados" nas duas últimas edições (os organizadores não quiseram revelar o lucro obtido), o Rock in Rio não poderia prescindir da isenção fiscal?

"Isso é presumir que o lucro é garantido, o que não é verdade. Depende das ocorrências que podem acontecer", diz Medina.

Como exemplo, cita o problema que aconteceu em um dos banheiros da Cidade do Rock logo na abertura da atual edição, fazendo o esgoto transbordar perto de uma lanchonete, o que gerou uma multa do Procon --o valor ainda será calculado, mas pode chegar até R$ 7 milhões, segundo o órgão.

"Um banheiro que não funcionou é um problema proporcional a um evento de 85 mil pessoas, não foi ninguém que se machucou. Aí tenho uma autuação que pode chegar a R$ 7 milhões. Como pagar essa conta?"

Segundo a vice-presidente do festival, a lista de riscos inerentes ao negócio é imensa: os ingressos podem não vender como previsto (problema que as duas últimas edições não tiveram), um artista pode faltar (como quase aconteceu com Bon Jovi, um dos principais nomes da atual edição).

Há ainda imprevistos que podem impedir a realização de algum dia do evento --ela cita como exemplos hipotéticos um dilúvio ou uma manifestação que paralise a cidade.

"Um investimento de R$ 135 milhões tem um risco grande, incluindo toda a responsabilidade com o público, que é a parte mais importante do que a gente faz. As pessoas só enxergam empresários querendo ganhar muito dinheiro, ninguém pensa no tamanho da responsabilidade que nós temos para proporcionar uma experiência como essa." (MAC)


Endereço da página:

Links no texto: