Folha de S. Paulo


Alicia Keys mostra grande forma em show em SP antes do Rock in Rio

Não foi sem atraso que a diva Alicia Keys pisou no palco do Espaço das Américas, em São Paulo, na noite de quinta-feira (12).

Às 22h30, seu show da turnê Set the World on Fire, promovendo o álbum "Girl on Fire", começou meia hora após o previsto. A cantora surgiu no segundo andar do cenário mandando alguns versos do mega-hit "Empire State of Mind", originalmente gravado com o rapper Jay-Z.

Não, ela não queimou a largada, a menção serviu apenas como um teaser, antes de ela emendar a grooveada "Karma".

Dividido em dois níveis, o palco quase ficou pequeno para o aparato da artista, que ora se apresentou ao piano de calda, no "térreo", ora no piso superior, em pé, nos teclados.

Com um telão ao fundo projetando videoarte de muito mal gosto, ela estava acompanhada por baixo, guitarra, bateria, dois cantores de apoio, um tecladista e quatro dançarinos.

Disposto em cadeiras, o público, que quase lotou a casa, optou por permanecer em pé e assim ficou durante quase todo o show. Foi a primeira apresentação da novaiorquina na América do Sul.

Chegando a surpreender no quesito simpatia, Alicia logo mandou um "E aí, São Paulo?". No segundo número, "You Don't Know My Name", simulou um telefonema para um peguete, interpretado por um dos seus coreógrafos, no qual armou para sair no sábado à noite. E interpretou a canção sentada ao piano, onde se mostrou mais confortável ao longo da apresentação.

No também hit "Unthinkable (I'm Ready)", mesmo sem sair do banquinho, movimentou-se de forma a interagir com o dançarino, de costas para ela.

Por mais que não seja uma grande bailarina, como Beyoncé, a cantora entra e sai muito bem dos passos apresentados pelo quarteto que a acompanha. E, o mais importante, sem economizar no rebolado (ela se sairia muito bem em um sambão).

De cabelo curto no mesmo estilo do de Miley Cyrus, trajava top de paetê e uma calça preta justíssima, que ressaltava sua silhueta irretocável.

DIVA CONTIDA

Alicia também demonstrou estar em grande forma vocal. Provavelmente a melhor cantora da música negra americana desde Whitney Houston, ela se distingue não apenas pela afinação ou pelo timbre, como principalmente, pela contenção.

Em "Fallin'", por exemplo --que iniciou à capela--, sugeriu que iria decolar em alcance, o que com certeza teria feito muito bem. Em vez disso, soube o ponto exato onde segurar a voz, impressionando ainda mais pelo controle absoluto e mantendo a textura suave da canção.

Era perceptível que a plateia não conhecia todo o repertório da artista. Ainda assim, cantou junto em bem mais canções do que os sucessos óbvios.

Depois de "No One", a 15ª do setlist, fez um brevíssimo intervalo e voltou com uma sequência matadora composta por "New Day", "Girl on Fire" "Empire State of Mind", agora sim, completa, que fechou 1h50 de show.

Se a cantora saiu vencedora da noite, foi justamente por não apelar nem se render a clichês como trocas de roupa. Ela fez um show enxuto e na medida, conseguindo justificar os seus 14 prêmios Grammy.

Neste domingo Alicia Keys se apresenta às 22h10 no Rock in Rio, antes de Justin Timberlake.


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