Folha de S. Paulo


Jimi Hendrix é a base para união de rock e África entre Living Colour e Angélique Kidjo

Living Colour e Angélique Kidjo afirmam ter atendido de imediato o convite de Zé Ricardo. A boa repercussão de encontros musicais do Sunset em 2011 facilitou o trabalho do curador, que então teve dificuldade para convencer artistas a participarem de um show dividido em um palco secundário.

"Esse tipo de show não é para acomodados", diz Angélique. "É preciso ter vontade de arriscar. Só assim o resultado vai dar muito mais prazer a todos."

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Zé Ricardo/Rock in Rio/Divulgação
Corey Glover, vocalista do Living Colour, canta com Angélique Kidjo em Nova York, em ensaio para Rock in Rio
Corey Glover, vocalista do Living Colour, canta com Angélique Kidjo em Nova York, em ensaio para Rock in Rio

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Folha - Como foi a reação de vocês ao convite?
Doug Wimbish - Nos sentimos abençoados. Tocar em algo do tamanho do Rock in Rio é incrível, mas com liberdade de experimentar algo novo é melhor ainda.
Corey Glover - E a culpa é do Zé Ricardo!
Angélique Kidjo - Dele e do Jimi Hendrix!
Vernon Reid - Eu acho que "Voodoo Child" foi a chave que ligou nosso motor para esse show. A versão de Angélique para essa música de Hendrix era tão inovadora que nós soubemos que a partir dela teríamos o repertório.

Que músicas vão tocar?
Reid - Tudo que possa ligar rock e música africana, mas não só isso. Nós e ela somos parecidos, estamos acostumados a misturar.

O Living Colour faz rock com funk, jazz, reggae, hip-hop e muito mais. Vocês fizeram sucesso nos anos 1990 e hoje são, digamos, experimentais. Que tribo segue vocês?
Glover - Eu espero que todas as tribos! Podem vir!
Reid - Já vendemos muito, mas nosso último disco, de 2009, não aconteceu. Acho normal, a indústria mudou para todo mundo, e nós, como uma banda que sempre fugiu dos rótulos, sofremos mais ainda. Precisamos ser ouvidos pelo maior número de pessoas possível, porque nosso público não está preso a um determinado circuito.
Wimbish - Por isso tocar no Rock in Rio é tão excitante. Tem gente de todo jeito naquela multidão, nossos fãs estão espalhados ali, entre os que gostam de Justin Timberlake e os loucos por Beyoncé.

Angélique, você já trabalhou com brasileiros. Qual sua ligação com a música do país?
Enorme! Não só com a música, mas com todo o país. Tenho parentes distantes aqui. Meu país, Benin, tem muita gente de sobrenomes como Pereira, Silva, Santos, parentes de brasileiros. Quando fui à Bahia de Carlinhos Brown, fiz questão de ver tudo, sentir como é andar no Pelourinho. Tenho raízes aqui, não é algo que digo só para agradar.

Depois desse show, quais os próximos passos?
Reid - Já trabalhamos em um novo disco, para 2014.
Angélique - Meu último álbum foi um disco ao vivo, no qual pude colocar um pouco de tudo que já fiz, serviu como uma retrospectiva. Agora, como sempre, só penso em ir para a frente, fazer algo diferente. Ah, e estou trabalhando no meu livro de memórias.


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