Folha de S. Paulo


Placebo reduz guitarras distorcidas e arrisca mais em novo álbum

Se em "Battle for the Sun" (2009), o último disco do Placebo, as guitarras distorcidas que são uma das marcas da banda ficavam evidentes logo nos primeiro segundos da primeira música do álbum, "Kitty Litter", em "Loud Like Love" --o sétimo disco do grupo, que será lançado no próximo dia 16--, a banda busca sair de sua zona de conforto.

"Quando gravamos 'Battle for the Sun' nós éramos praticamente estranhos, era o meu primeiro álbum com o Placebo", diz o baterista da banda inglesa, Steve Forrest.

"Então realmente foi uma volta ao básico. Agora, após seis anos [dele] com a banda, nós conseguimos sentar, e, sem regras, conseguir sair de nossas zonas de conforto e realmente explorar novos sons. Foi um álbum realmente bastante desafiador", afirma.

Divulgação
Os integrantes do Placebo Stefan Olsdal (à esq.), Brian Molko (centro) e Steve Forrest (dir.)
Os integrantes do Placebo Stefan Olsdal (à esq.), Brian Molko (centro) e Steve Forrest (dir.)

Isso se reflete na substituição, em algumas músicas, da guitarra distorcida por um teclado e uma levada orquestrada, como em "A Million Little Pieces" e "Begin the End", pontos altos do CD, assim como em "Bosco".

Mas as batidas eletrônicas e a atmosfera sombria ainda estão lá, como em "Exit Wounds", outra faixa melancólica que merece atenção.

A banda já lançou dois singles: um com a faixa-título do CD e outro com a canção "Too Many Friends" --a que melhor combina os elementos que o grupo busca incluir na sua música com a marca registrada da banda, os riffs empolgantes--, uma crítica às relações humanas na era digital, sobretudo às redes sociais, onde muitos têm centenas de amigos, mas poucos conseguem dar atenção a mais do que alguns deles.

Ao contrário de Brian Molko (o vocalista da grupo) e Stefan Olsdal (o baixista), Forrest, que é da Califórnia (EUA), diz que usa as redes sociais para se manter em contato com a família e os amigos mais próximos, sobretudo durante as turnês.

"Nós estamos apenas dizendo: pensem sobre isso. Usem, mas saiam, façam contato com os outros. As pessoas acabam ficando reféns dos aparelhos e, mesmo na companhia dos outros, preferem checar seus smartphones", diz Forrest.

MATURIDADE

O baterista entrou em um Placebo mais maduro, que já havia deixado para trás a sua fase de maiores excessos, com músicas como "Special K" --apelido dado ao anestésico ketamina, que provoca fortes alucinações-- celebrando uma cultura hedonista e com os shows turbinados por cocaína e outras drogas.

Em uma entrevista em 1998, o vocalista Brian Molko disse que, em 1997, eles deixaram "um rastro de esperma e sangue" pelo Reino Unido durante uma turnê.

Como é ter 26 anos e tocar com quarentões, quando a fase de "sexo, drogas e rock'n'roll" da banda já faz parte do passado?

"Nunca é totalmente parte do passado", diz Forrest, rindo. "Mas eu fico feliz por ter perdido essa fase. Brian e Stefan me contaram as histórias. Eu sou um cara que gosta das coisas boas da vida, mas a música é a coisa que mais me traz felicidade na vida. Eu não gostaria que as drogas impedissem que eu desenvolvesse minha criatividade, não gostaria que o excesso se tornasse um bloqueio para mim", diz.

LOUD LIKE LOVE
ARTISTA Placebo
GRAVADORA Warner Music
QUANTO R$ 23

Veja vídeo de "Too Many Friends


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