Folha de S. Paulo


Sebastião Salgado busca harmonia entre homem e meio em exposição 'Genesis'

Um livro com 250 mil exemplares vendidos, um documentário sendo coproduzido por Win Wenders e uma série de exposições que já passou quatro grandes cidades. "Genesis", último trabalho de Sebastião Salgado, chega a São Paulo amanhã.

As 245 fotografias em preto e branco que o fotógrafo exibirá no Sesc Belenzinho são o resultado do trabalho de oito anos em que documentou tribos, animais e paisagens em regiões remotas do planeta, como Zâmbia, Sibéria e a ilha de Galápagos, buscando registrar sociedades que ainda se mantêm imunes às mudanças aceleradas da vida contemporânea.

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"Queria me ver no início, como éramos, como funcionávamos", diz Salgado. "Essas sociedades são fortes representantes do que fomos há 5.000, 10 mil anos atrás, e é importantíssimo tê-las como uma referência para a nossa história. Há uma forte imagem de como existe a relação deles em equilíbrio com a natureza", afirma.

Salgado nega ser um fotógrafo ativista, mas não só a ideia em torno do projeto, como as atividades que promove por meio do Instituto Terra --do qual é um dos fundadores e atualmente visa a recuperação das fontes do Rio Doce-- têm grande preocupação com o ambiente.

Ainda assim, o Museu Britânico de História Natural de Londres foi criticado por ambientalistas ao receber a mostra do fotógrafo.

"Genesis" teve parte de seu financiamento feito pela mineradora brasileira Vale. Ecologistas alegam que a participação da companhia nas obras da usina de Belo Monte inundará parte da floresta amazônica e desalojará tribos indígenas como as que aparecem nas fotos de Salgado.

"Eu não tenho nada contra a Vale. No Brasil, é uma das empresas mais razoáveis do ponto de vista ambiental", diz. "Toda mineradora destrói um bocado de terra. E todo mundo tem um carro, um computador e um garfo. Que sociedade é essa que nós vamos negar o consumo básico, onde nós somos os maiores consumidores?", afirma.

Aos 69 anos, a voz firme e a disposição com que Salgado encara seus projetos de longa duração o aproximam da ideia de estado inicial de "Genesis". "Em 2008, com 64 anos, fiz 850 km a pé no norte da Etiópia. Não é um problema de idade, é de cabeça. A hora em que você sabe que não tem mais projetos, aí pode morrer. Pronto, acabou".

GENESIS
QUANDO 5/9 a 1/12
ONDE Sesc Belenzinho (r. Pe. Adelino, 1.000; tel. 0/xx/11/2076-9700)
QUANTO grátis
CLASSIFICAÇÃO livre


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