Folha de S. Paulo


Com filme de 'viajandões', neta de Francis Ford Coppola estreia em Veneza

Gia Coppola é filha de Gian-Carlo --morto em um acidente náutico em 1986--, neta de Francis Ford Coppola, sobrinha de Sofia e Roman e prima de Nicolas Cage.

A genética poderia pressionar a garota em sua estreia como diretora de um longa-metragem, mas a terceira geração da família Coppola mostrou que tem uma carreira promissora ao apresentar seu "Palo Alto", na noite deste sábado (31), no Festival de Veneza.

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O primeiro acerto da cineasta de 27 anos foi apostar em um mundo que conhece: adolescentes de hormônios em alta em uma cidade da Califórnia. O filme é baseado no livro homônimo de contos do ator, diretor e artista multimídia James Franco, que faz um papel menor na adaptação, mas dialoga muito mais com a obra da tia de Gina, Sofia, pela fascinação pelo niilismo juvenil moderno.

No entanto, "Palo Alto", mesmo na típica inocência do tema, consegue ser mais tocante e real do que "Bling Ring --A Gangue de Hollywood".

Divulgação
Gia Coppola, diretora de 'Palo Alto
Gia Coppola, diretora de 'Palo Alto'

Gia arranca interpretações dignas de seus atores, principalmente de Jack Kilmer e Emma Roberts. Ele interpreta um garoto com potencial para carreira artística, mas que se vê tragado pelo redemoinho que é o melhor amigo, o aloprado Fred (Nat Wolff). Ela é a típica adolescente de pais distantes (o padrasto, interpretado por Val Kilmer, vive chapado, enquanto a mãe não larga o telefone), perdida e só precisando de uma direção.

Nenhuma situação parece irreal demais, até os diálogos viajandões ("Se você pudesse viajar no tempo, seria quem no Egito?" ou "Você preferiria ser mulher ou gay?") entre a molecada, que fuma maconha como se bebe água. Até mesmo a inclusão de Franco, que deve ter aparecido em uma dezena de filmes em 2013, faz sentido como um treinador de futebol que seduz a personagem de Emma.

A única armadilha que Gia Coppola não pode cair é a de manter o foco no tema adolescente, que capturou sua tia e não a largou mais. Afinal, ninguém precisa de duas Coppola explicando que a adolescência pode ser cruel, vazia e estúpida. Para isso, basta ter vivido --ou ainda viver-- a fase.


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