Folha de S. Paulo


Filme americano financiado por produtora brasileira é recebido com frieza em Veneza

"Night Moves", produção americana financiada em parte pela produtora brasileira RT Features, não empolgou a crítica e os membros da indústria cinematográfica em sua primeira exibição no Festival de Veneza, na noite de sexta-feira (30). O drama foi recebido com extrema frieza e alguns poucos aplausos ao fim da sessão.

O descaso continuou neste sábado (31), quando a sala de coletivas de imprensa ficou quase vazia para a primeira entrevista da diretora Kelly Reichardt e dos atores Jesse Eisenberg e Dakota Fanning.

Escrito pela própria Kelly com o costumeiro parceiro Jon Raymond, "Night Moves" é um thriller de clima intimista sobre um trio de ativistas --além de Einsenberg e Dakota, há Peter Sarsgaard-- que pretende explodir a barragem de uma hidroelétrica para passar uma mensagem ecológica para o mundo, um tema atual e delicado em qualquer parte do mundo.

"O filme não quer passar nenhuma mensagem, é apenas uma história sobre três personagens", desconversa a cineasta, logo completando. "Tendo dito isso, acredito que destruir 9% das florestas do planeta é algo radical. Eu viajo de Nova York para o Oregon [onde o filme se passa] e não há mais mata sem o toque do homem. O radicalismo está ao nosso redor, mas aceitamos porque as pessoas estão ganhando muito dinheiro com isso."

Jesse Einsenberg, que interpreta o militante do grupo, acredita que seu ativismo ecológico nunca chegaria a ser tão radical, mas "entende o que é ser apaixonado [por uma causa] e não pensar nas possíveis consequências". "É um personagem que tem muitos sentimentos e ele não sabe como expressá-los, então os enterra. Isso se manifesta de maneira extrema. Ele se sente como um soldado na guerra e o que acontece em decorrência de seus atos não passam de efeitos colaterais", diz o ator.

Apesar do passo lento e da trilha sonora etérea transformar "Night Moves" em um thriller incomum, eles servem mais de verniz para uma história sem grandes surpresas. O cenário, no entanto, é mais interessante, como geralmente é o caso dos filmes de Reichardt. "No Oregon existe uma longa tradição de ativismo, que muitos chamam de radicalismo, mas é difícil passar um tempo naquele estado e não se impactado pelo lugar onde as pessoas querem ser autossuficientes", conta a diretora. "Na fazenda onde filmamos, eles usam água de chuva para tudo, plantam a própria comida. Eles querem minimizar suas pegadas na Terra."


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