O filme "Círculo de Fogo", ficção científica assinada pelo mexicano Guillermo del Toro, é um conduto para a dominação cultural americana sobre a China. Ao menos é o que diz um membro do Exército chinês, em texto publicado num jornal estatal que é considerado "a voz dos militares" do país.
O longa teve recepção morna nos Estados Unidos, mas obteve até o momento US$ 100 milhões (R$ 234 milhões) nas bilheterias chineses --uma grande fatia do faturamento mundial, que gira em torno de US$ 397 milhões (R$ 932 milhões).
No entanto, em vez de aceitar o filme como uma forte representação do poder da China no mercado cinematográfico atual, o jornal "Diário do Exército de Libertação Popular" publicou um texto no qual acusa "Círculo de Fogo" de ser uma "máquina de propaganda para transmitir valores americanos e suas estratégias para o mundo".
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| Cena do filme 'Círculo de Fogo', de Guilherme del Toro |
Assinado por um oficial chamado Zhang Jieli, o artigo cita elementos do roteiro, também escrito por Del Toro, para sustentar a tese. Na trama, humanos usam robôs gigantes para combater monstros alienígenas.
"A batalha decisiva contra os monstros foi deliberadamente colocada no Mar do Sul da China, próximo a Hong Kong. A intenção era demonstrar o compromisso dos Estados Unidos em manter a estabilidade no Pacífico asiático e salvar a humanidade", escreveu Zhang.
Atualmente, China e EUA encontram-se num impasse político por causa do plano americano de transferir 60% de toda sua frota marítima para o Pacífico até o final da década.
"Os soldados devem abrir os olhos e criar uma 'barreira mental' para evitar erosão ideológica ao assistirem filmes americanos", acrescentou Zhang.
O mercado cinematográfico chinês já é o segundo maior do mundo e deve passar o dos EUA até 2020.