Folha de S. Paulo


Dilma dá entrevista ao escritor Fernando Morais para livro sobre Lula

A presidente Dilma Rousseff recebeu nesta sexta-feira (23) no Palácio da Alvorada, sua residência oficial, o escritor Fernando Morais, autor de livros como "Chatô - O Rei do Brasil", sobre a vida de Assis Chateaubriand, e "Corações Sujos".

Ele está escrevendo um relato sobre a vida do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, desde sua prisão, em 1980, até o fim de seu segundo mandato, em 2010. Ficou cerca de duas horas e meia com a presidente, numa conversa sobre a qual, disse ele, não pode revelar detalhes --"senão vocês não compram meu livro".

"Estou fazendo um livro que não é uma biografia, é um livro que vai da prisão dele, em 1980, até o fim do segundo governo, e estou ouvindo todo mundo que conviveu com ele nesse período. Não só da área política, mas da área sindical, que precede a presidência, polícia, gente que prendeu ele, enfim, todo mundo", explicou o escritor.

A obra ainda não tem prazo de publicação, segundo ele. "Olha, você sabe aquele negócio que, na hora do fechamento do jornal, o editor pergunta: 'cadê a matéria?' e você responde: 'tá prontinha, só falta escrever'? O livro está prontinho, só falta escrever."

Morais contou que já ouviu mais de 50 pessoas para escrever seu próximo livro e que a conversa com Dilma havia sido pedida há muito tempo.

Sobre suas conversas com o ex-presidente, disse: "Estou há dois anos e meio grudado nele, desde antes do diagnóstico da doença. Paramos uns sete, oito meses, quando ele começou a fazer radioterapia, e depois retomamos. Viajei o mundo com ele."

PASSEIO DE MOTO

O escritor também foi questionado se conversou com a presidente sobre sua viagem de moto por Brasília. A revelação foi feita de forma casual por Dilma a um incrédulo ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, mas, conforme disse Morais, não houve comentários a respeito.

"Eu estava tão interessado em Lula, que acabei não perguntando isso para ela! Podia até ter perguntado, porque eu sou motoqueiro. Podia trocar informações com ela."

Se Dilma exteriorizou alguma preocupação com a campanha presidencial do ano que vem, Morais apenas disse: "Só falamos do passado."


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