Folha de S. Paulo


Guitarrista pioneiro do funk encerra festival em SP

Contemporânea de James Brown, Sly Stone e Booker T, a banda The Meters foi uma das fundadoras do funk. Mas, sendo de Nova Orleans (EUA), o som do quarteto de guitarra-órgão-baixo-bateria era mais característico, jazzificado, altamente dançante.

O grupo lançou diversos hits e álbuns nos anos 1960 e 1970, mas se mantiveram vivos até hoje graças, principalmente, a DJs e rappers. A música "Cissy Strut", por exemplo, já foi sampleada (reapropriada e alterada eletronicamente) mais de 30 vezes.

Hoje, o guitarrista Leo Nocentelli, 67, da formação original do grupo The Meters, se apresenta no encerramento do Festival Bourbon Street, em show gratuito no parque Ibirapuera, em São Paulo.

Rick Diamond/AFP
O guitarrista Leo Nocentelli, que toca hoje no Ibirapuera
O guitarrista Leo Nocentelli, que toca hoje no Ibirapuera

Ele vem ao Brasil com a banda The Meters Experience, projeto paralelo em que traz músicas da formação original e novas composições. Leia trechos da entrevista concedida à Folha.

*

Folha - Várias músicas dos Meters já foram sampleadas. Isso é algo que lhe agrada?
Leo Nocentelli - Foi um choque completo quando ouvi os primeiros samples. Foi a melhor coisa que aconteceu a mim como compositor e aos Meters como grupo. A música "Cissy Strut" já foi sampleada mais de 30 vezes. Estamos sendo sampleados já há 25 anos, os samples ajudaram a nos manter vivos. Toda uma geração mais nova foi exposta ao nosso som através da ficha técnica de discos de nomes como Ice Cube e Queen Latifah. Até hoje os samples continuam rolando. Além do reconhecimento, tem sido ótimo financeiramente.

A banda foi uma das primeiras a tocar funk, com um estilo próprio. Como nasceu o som dos Meters?
No fim dos anos 1960, nós tocávamos para as pessoas dançarem em um clube na rua Bourbon em Nova Orleans. Fazíamos cinco sets por noite e sempre abríamos com uma música chamada "Hold It". Mas como todo mundo abria seus shows com aquela música, fiquei meio cansado dela. Eu tinha uma melodia na cabeça há anos, então um dia levei para a banda, eles gostaram e começamos a abrir com ela. Era "Cissy Strut". Logo gravamos e vendemos 250 mil cópias em duas semanas. Foi fenomenal.

O fato de serem de Nova Orleans influenciou o som? Vocês ouviam jazz?
Não há dúvida que Nova Orleans influenciou nosso som. Era nosso lugar, nosso ambiente. Todos nós ouvíamos muito jazz. O baterista Ziggy Modeliste veio do jazz. Tudo que o baixista George Porter Jr. tocava tinha essa influência. E o tecladista, Art Neville, era o que tinha um piano com estilo mais tradicional de Nova Orleans. Eu diria que meu estilo é uma guitarra jazz tocando funk. Próximo de um Wes Montgomery ou um George Benson. Na época eu ouvia muito caras como Johnny Smith e Kenny Burrell. Eu escrevi a maior parte das músicas, mas o especial era realmente a maneira com que tocávamos. Foram necessários esses exatos quatro caras para o som dos Meters nascer.

BOURBON STREET FEST
QUANDO hoje, a partir das 16h
ONDE Parque Ibirapuera (av. Pedro Álvares Cabral, s/n, portão 10)
QUANTO grátis


Endereço da página: