Folha de S. Paulo


Cristina Iglesias constrói naturezas artificiais no Rio

Entre a natureza real e sua representação nas obras de arte, existe um mundo construído que segue suas formas de modo mais ou menos fiel. É nesse intervalo que Cristina Iglesias parece trabalhar.

Na mostra individual que a artista espanhola acaba de abrir na Casa França-Brasil, no Rio, estão salas tomadas por uma vegetação de mentira, galhos e cipós de plástico que tentam mergulhar o espectador na mesma escuridão esverdeada de um bosque -clareiras inventadas.

Mas, entre esses aglomerados vegetais, está um labirinto que construiu. É uma estrutura de terracota vazada que traz nas paredes trechos do relato de um padre jesuíta que veio conhecer o novo mundo no final do século 16 a serviço da realeza espanhola, uma descrição filosófica das terras encontradas.

Antonio Lacerda /Efe
Cristina Iglesias e sua instalação
Cristina Iglesias e sua instalação "Santa Fé", na casa França-brasil, Rio

"Quero uma natureza fictícia, algo que começa a crescer e leva a uma contaminação vegetal", conta Iglesias, em entrevista à Folha. "Vira também um embate com o construído. Mesmo de dentro do labirinto, é possível ver as luzes da cidade lá fora."

Nesse ponto, a mostra no Rio contrasta com a instalação que a artista criou no Instituto Inhotim, megacentro de arte contemporânea em Minas Gerais, onde Iglesias criou um labirinto vegetal no meio da mata de verdade.

No centro da cidade, a artista retoma a reflexão sobre naturezas artificiais e criou até a sensação de uma respiração mecânica, com dois poços d'água que enchem e se esvaziam no espaço de acordo com um ritmo próprio, alusão a um organismo vivo que resiste à plasticidade da arquitetura dos homens.

CRISTINA IGLESIAS
QUANDO de ter. a dom., das 10h às 20h
ONDE Casa França-Brasil (R. Visconde de Itaboraí, 78, Rio, tel. 0/xx/21/2332-5120)
QUANTO grátis


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