Folha de S. Paulo


Soprano francesa Annick Massis canta árias com orquestra do Theatro São Pedro

O Theatro São Pedro traz pela primeira vez ao Brasil a soprano francesa Annick Massis. A cantora vai interpretar árias de óperas em duas récitas, nesta sexta-feira (16/8) e no domingo (18/8), acompanhada da Orthesp (Orquestra do Theatro São Pedro). A regência será do maestro convidado Jamil Maluf.

Os concertos são uma chance de ver em cena uma soprano coloratura, que consegue alcançar tons agudíssimos, com capacidade para realizar acrobacias vocais. Embora não figure entre as cantoras mais conhecidas no país, já em seus primeiros contatos com a Orthesp, nos três ensaios realizados em São Paulo, a francesa deixou uma boa impressão no grupo.

"Um músico me disse, durante o intervalo dos ensaios, que a voz dela parece um instrumento, tamanha é a precisão com que executa o repertório. E ele tem razão. A Annick, além disso, é uma artista muito expressiva, que conhece a tradição do canto das árias que vai apresentar", diz Maluf.

OUSADIA
Segundo o maestro, Massis escolheu um repertório corajoso para sua estreia no país, que inclui, por exemplo, "Oh, se una volta sola...Ah, non credea mirarti...Ah, non giunge", da ópera "La Sonnambula", de Vincenzo Bellini (1801-1835).

"É o grande momento do concerto, é quando ela pode demonstrar toda a sua musicalidade e técnica", diz o maestro.

Annick Massis prefere não eleger um destaque deste programa. "Eu realmente amo todas as árias e elas correspondem aos diferentes momentos de minha carreira", disse à Folha.

Maluf diz, no entanto, que é em "Casta Diva", da ópera "Norma", de Bellini, que o público poderá conferir todas as nuances da voz de Massis. "Apesar de seus superagudos, a Annick tem graves muito bonitos, e ela usa todos os registros vocais nesta ária", explica Maluf.

Não é coincidência que as duas obras de Bellini sejam destaque no programa. O compositor é um dos expoentes do bel canto, escola musical que valoriza o virtuosismo vocal. Para uma soprano coloratura, é a chance de poder exibir todo o seu potencial.

Massis ainda vai passear pelo barroco de Haendel ("Lascia Ch'io Pianga", de "Alcina") e pelo romantismo de Giuseppe Verdi em "La Traviata" ("È Strano, È Strano...Ah, Fors'é Lui...Sempre Libera.. "). Esta última, aliás, tem a chance de ser reconhecida até pelo público menos íntimo do repertório operístico, já que a ária comove a personagem de Julia Roberts durante a montagem que ela assiste ao lado de Richard Gere, no filme "Uma Linda Mulher" (1990).

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"Este é um repertório muito ousado. Ela foi muito corajosa por pegar estilos tão diferentes", diz o maestro. "Isso exige uma adaptação vocal muito grande, mas a sequência é inteligente, porque ela vai graduando até chegar aos agudíssimos".

PAIXÃO
Com uma experiência de mais de 20 anos em ópera, Massis já se apresentou em casas como o Teatro Alla Scala de Milão, Metropolitan Opera House (nOVA yORK) e Concertgebouw (AmsterdÃ), e foi regida por maestros como Zubin Mehta.

Filha de um barítono e de uma cantora de operetas, Massis foi desincentivada pelos pais a seguir carreira na música. "Provavelmente por amor a mim e querendo que eu tivesse uma carreira mais estável e segura, não queriam que eu me tornasse cantora, mas a paixão pela música era muito mais forte", diz Massis.

Nas duas récitas, além das árias, os 54 componentes da Orthesp vão executar aberturas de óperas que "dialogam" com as partes cantadas. São quatro peças, entre elas a abertura da ópera "Don Giovanni", de Mozart. A apresentação terá cerca de uma hora e quarenta minutos de duração, incluindo o tempo de intervalo.

ORTHESP E ANNICK MASSIS
QUANDO sexta-feira (16), às 20h30, e domingo (18), às 17h
ONDE Theatro São Pedro (r. Albuquerque Lins, 207, Barra Funda, São Paulo; tel. 0/xx/11/3667-0499)
QUANTO R$ 30
CLASSIFICAÇÃO 8 anos


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