Dirigido por Renato Borghi e Élcio Nogueira, "Azul Resplendor" é um espetáculo que utiliza o próprio teatro como matéria-prima para uma comédia dramática.
A peça de Eduardo Adrianzén retrata o fim de carreira de uma diva convidada para representar seu último papel.
Em meio a devaneios e doses de vodca, Blanca Estela (Eva Wilma) recebe a visita de um admirador, Tito Tápia (Pedro Paulo Rangel), disposto a financiar sua volta triunfal.
A encenação trabalha bem o posicionamento dos dois. No início, contracenam distantes, um em cada ponta do palco. O afeto os aproxima e permite as cenas dramáticas.
O cenário de André Cortez funciona em consonância com a iluminação de Lúcia Chedieck. O desenho de luz principal brota de dentro do palco, por meio de refletores que também são os principais elementos da cenografia.
Além disso, os holofotes fazem parte do universo de referências metateatrais que vão desde diálogos sobre rotundas e ribaltas até técnicos que invadem a cena para manipular luz e cenário.
Há passagens em que os atores Luciana Borghi, Lu Brites e Felipe Guerra tentam tirar riso de pedra, em cenas sem potencial jocoso algum.
O esforço é infrutífero, pois o efeito cômico aparece com naturalidade na peça, especialmente por meio do texto irônico e do chiste com a classe teatral, parodiada em seus aspectos mais herméticos.
Quem se apropria melhor desses recursos dramatúrgicos no desenvolvimento de um personagem singular é Dalton Vigh, que rouba a cena interpretando o afetado diretor Antônio Balaguer.
Arremedando um conhecido encenador brasileiro vanguardista, Vigh está hilário desde seu primeiro momento, superando em muito o desempenho de seus pares.
Talvez esteja ali oculto, nesse personagem meio secundário, o maior brilhantismo deste "Azul Resplendor".
AZUL RESPLENDOR
QUANDO sex., às 21h30, sáb., às 21h e dom., às 18h
ONDE Teatro Renaissance (al. Santos, 2233; tel. 0/xx/11/3069-2286)
QUANTO R$ 80
CLASSIFICAÇÃO 12 anos
AVALIAÇÃO bom