Folha de S. Paulo


Jorge Ailton se divide entre soul e pop rock dos anos 80

O segundo álbum do cantor e compositor Jorge Ailton, 39, "Canções em Ritmo Jovem", confirma os predicados que já despontavam no disco de estreia: um vozeirão bom para o soul e uma forte afinidade com o pop rock brasileiro dos anos 1980.

Jorge é muito identificado com Lulu Santos. É baixista e vocalista da banda do cantor desde a turnê do álbum "Singular" (2009). Mas o primeiro trabalho deles veio antes.

Em 2003, ele tocava baixo e fazia vocais de apoio para o cantor Zé Ricardo em um show na casa Mistura Fina, no Rio, quando Memê, produtor de vários álbuns de Lulu, ficou impressionado com sua voz e o convidou para participar do disco "Bugalu".

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O cantor e compositor carioca Jorge Ailton, que lança seu segundo álbum solo
O cantor e compositor carioca Jorge Ailton, que lança seu segundo álbum solo

"Gravei 'Já É', minha única participação em 'Bugalu'. Estourou nas rádios, e apenas essa música desse álbum continua nos shows do Lulu até hoje", conta Jorge.

Ele demorou a reencontrar Lulu. Foi tocar com Mart'nália, depois com Toni Garrido. Após gravar um DVD com Sandra de Sá, "Música Preta Brasileira", foi indicado para Paula Toller, que tinha gravado disco solo e precisava de um baixista que cantasse.

Jorge considera Lulu e Paula seus "padrinhos". O primeiro disco solo, "O Ano 1", de 2009, foi lançado pelo selo bancado pela cantora. Ele acredita numa aproximação natural com os dois pela afinidade de referências. "Sempre ouvi música. Meu avô era o maestro Moacir Silva, que produziu Elizeth Cardoso e foi diretor da Copacabana Discos, tinha tudo em casa. Mas formei minha personalidade musical na década de 1980, quando Kid Abelha e Lulu apareceram."

Seu trabalho é muitas vezes comparado a nomes que surgiram antes, nos anos 1970, como Hyldon e Cassiano. "Tenho parceria com o Hyldon ('Revanche', gravada por Leo Maia) e aproveito quando vou à casa do Cassiano para 'pescar' alguma coisa do seu talento."

De soul "gringo", como diz, admira Stevie Wonder ("pra caramba"), Prince e Lenny Kravitz. "Eles chegam a um balanço pop que me atrai." De nomes mais novos, gosta bastante de Frank Ocean.

"O soul está impregnado em mim. Mesmo se faço rock, tem um traço de soul. Eu toco baixo, me ligo no balanço."

Seu segundo disco só comprova as influências. A voz suave se presta também ao charme, mas segura as faixas que esbarram no funk.

TOCANDO NAS RÁDIOS

A preocupação em fazer dançar é clara, como mostra a primeira música a tocar nas rádios, "Chega de Longe", na qual divide vocais com Lulu. A grande música do álbum, porém, pode ser "Vida Pequena de um Grande Amor", parceira com Ronaldo Bastos.

Está se tornando o momento de maior emoção nas apresentações. Se fosse lançada nos anos 1980, década que Jorge Ailton tanto admira e na qual era permitido fumar nos shows, seria aquela para qual o público acenderia os isqueiros para criar um clima.

"Esse disco é mais 'pra cima' em relação ao primeiro, e as letras falam de encontros. Então os encontros também aconteceram no estúdio. Pude trazer para o disco gente que admirei a vida toda, como Lulu e Dado [Villa-Lobos, guitarrista da Legião Urbana, que toca em 'Sustentável']."

No repertório está "Criança", de Marina. "Eu morava no Méier e ia muito à casa de shows Imperator. Lá eu vi Tom Jobim, Rita Lee e Marina. Ela me marcou muito. E essa música mostra muito da Marina letrista, não é parceria dela com o irmão, Antonio Cicero."

CANÇÕES EM RITMO JOVEM
ARTISTA Jorge Ailton
GRAVADORA independente
QUANTO R$ 25 (em média)


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