Folha de S. Paulo


Filmes de moda ganham festival em São Paulo e no Rio

O fotógrafo de moda Jacques Dequeker teve a ideia de criar o festival de cinema de moda no evento de Gramado, em 2011, quando levou o prêmio de melhor direção de fotografia pelo curta "Polaroid Circus". Na ocasião, fora abordado com a seguinte pergunta: "É legal. Mas você não acha que há muito glamour e gente bonita nesse filme? Nem parece cinema brasileiro."

Em outubro, São Paulo e Rio recebem a primeira edição do Festival de Filmes de Moda, com filmes que não têm mais de dez minutos de duração e cujas roupas, maquiagem e beleza dos atores são tão ou mais importantes que o roteiro.

"É como um editorial de moda, só que em movimento", resume Dequeker, cofundador do festival, diretor do premiado "Polaroid Circus" e da Dqker Films, que produz vídeos para revistas e grifes.

Ainda sem local definido, o festival irá apresentar em dois dias as produções, tanto autorais quanto as encomendadas por marcas, de figurões da fotografia como David Sims, Nick Night, Mario Sorrenti, Terry Richardson e a dupla Met Alas e Marcus Piggot.

No ano passado, uma espécie de projeto-piloto do evento, o São Paulo Fashion Film Festival, levou cerca de 400 pessoas à Cinemateca Brasileira, em dois dias. Foram exibidos cerca de 20 filmes.

No novo festival, a expectativa é de que 500 pessoas assistam diariamente aos cerca de 30 filmes, em cada cidade.

"No Brasil há pouca produção, mas, devido ao investimento de marcas internacionais como a Prada e a Dior, que contratam diretores consagrados, cada vez mais profissionais começam a experimentar o formato", diz Dequeker.

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Único brasileiro a competir no 4º La Jolla Fashion Film Festival, o maior do segmento e que terminou na semana passada na Califórnia, nos EUA, ele viu seu curta "Jailbreak" --no qual a top Carol Ribeiro interpreta uma ladra de joias-, ser exibido ao lado de filmes de profissionais prestigiados, como o estilista Karl Lagerfeld e o fotógrafo Bruce Weber.

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Segundo o diretor do festival americano, Fred Sweet, a indústria americana já distingue um "fashion film" de uma peça publicitária. "O filme não tem como finalidade vender um produto, e sim uma experiência sensorial, que pode ou não estar ligada a uma marca."

INTERNET

O coletivo Showstudio, criado em 2000 pelo fotógrafo inglês Nick Night, foi um dos primeiros a lançar essa ideia na internet e a juntar jovens diretores, como o cineasta Nathaniel Brown e o ilustrador Quentin Jones, para a produção de curtas-videoclipe. Os experimentos deles somam cerca de 10 mil visualizações no YouTube e no site Vimeo.

O fotógrafo brasileiro Gleeson Paulino, 26, planeja abrir ainda este ano uma produtora nos mesmos moldes, junto com outros cinco fotógrafos.

Divulgação
Cena do curta de Gleeson Paulino para o estilista João Pimenta
Cena do curta de Gleeson Paulino para o estilista João Pimenta

Ele avalia que os filmes são importantes para que grifes nacionais se posicionem na indústria. "Para os fotógrafos de moda, é uma plataforma que coloca a roupa no centro de um experimento sonoro e imagético estimulante."

No dia 22 será lançado um curta de Paulino,encomendado pelo estilista João Pimenta.

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