Folha de S. Paulo


São Paulo é inspiração para longa-metragem 'multigênero', de Bruna Lombardi

Embora o relógio no alto do prédio da Sala São Paulo ainda não marcasse o meio-dia, lá dentro, na última quarta-feira, mulheres combinavam longos pretos decotados com maquiagem de noite e homens vestiam smoking.

Eles estavam ali para um concerto fictício no longa-metragem "Amor em Sampa". A cena que interessa ao filme -dirigido por Carlos Alberto e Kim Riccelli e roteirizado por Bruna Lombardi- se dá nos corredores, no intervalo.

É quando a megaempresária Aniz (Bruna Lombardi) e o executivo Lucas (Eduardo Moscovis), que transformarão sua relação profissional num romance, se avistam e conversam rapidamente. A essa altura, ela ainda o trata com franca indiferença.

Gabo Morales/Folhapress
Os atores Eduardo Moscovis e Bruna Lombardi contracenam em gravação do longa Amor em Sampa, na Sala São Paulo, região central
Os atores Eduardo Moscovis e Bruna Lombardi contracenam em gravação do longa Amor em Sampa, na Sala São Paulo, região central

Declaração de amor a São Paulo, o longa mostra uma metrópole "chique, pujante e luminosa", segundo descreve Riccelli. E onde os personagens se entregam ao amor, como indica o título.
O filme tem a mesma "estrutura coral" de "O Signo da Cidade" (2008), também roteirizado por Bruna e dirigido por Riccelli, tendo São Paulo como personagem. Mas "o lado dramático" desta vez não comparece. "Amor em Sampa" é uma comédia musical, diz Riccelli, um pouco contrariado por enquadrar o filme. "A gente dá nome porque precisa pôr numa prateleira. Mas ele é multigênero."

São cinco histórias de amor entrelaçadas pela trajetória do publicitário Mauro (Rodrigo Lombardi), que desenvolve uma campanha para São Paulo mudar para melhor, enquanto vive sua paixão pela estilista Tutti (Mariana Lima).

Riccelli e Kim também atuam, e um dirige o outro em suas respectivas cenas. Kim interpreta um diretor de teatro que vive um triângulo amoroso com duas garotas, uma delas aspirante a atriz.

Riccelli é um taxista que ama três mulheres ao mesmo tempo. O casal gay vivido pelo assistente de Tuti (Tiago Abravanel) e um funcionário da agência de Mauro (Marcello Airoldi) completa a trama.

"Amor em Sampa" está orçado em R$ 11 milhões e ainda não tem distribuição acertada. Ao visitar a Cinemateca Brasileira, uma das quase 40 locações do filme, Riccelli se viu observando as fotos e o maquinário expostos e refletindo sobre "o fim do cinema que crescemos amando".

Ele cita a transformação de hábitos representada por YouTube e Netflix e conclui: "O cinema como a gente conhece já não é mais aquilo. Agora todo mundo está atirando para todo lado".
No ano que vem, Bruna, Riccelli e Kim vão atirar para o lado da TV paga, para a qual já preparam uma série.


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