Folha de S. Paulo


Morre Walter De Maria, um dos maiores nomes do minimalismo norte-americano

Morreu nesta quinta (25), aos 77, em Nova York, o artista plástico norte-americano Walter De Maria. Ele foi vítima de um derrame. De Maria foi um dos maiores nomes do minimalismo e do movimento que ficou conhecido como land art, que pregava grandes intervenções na paisagem natural e em lugares públicos das grandes cidades.

Ele começou sua carreira nos anos 1960 influenciado pela dança e pela performance, realizando "happenings" na Califórnia, onde nasceu, mas depois se mudou para Nova York, onde começou sua obra como escultor minimalista.

Entre suas obras mais famosas está "The Lightning Field", ou campo dos trovões, uma intervenção de 1977 em que fincou 400 hastes metálicas num perímetro de uma milha por um quilômetro no deserto do Novo México. Esse retângulo geométrico atrai descargas elétricas durante as tempestades na região, criando um espetáculo luminoso natural.

Reprodução
"The Lightning Field" (1977), obra ambiental de Walter de Maria, extraída do livro "The Art Book"

No mesmo ano, De Maria criou "Vertical Earth Kilometer", uma obra para a Documenta, em Kassel, na Alemanha, em que enterrou, na vertical, uma barra metálica de um quilômetro na praça Friedrichsplatz, no centro da cidade, deixando o topo da barra rente ao chão e emoldurado por uma placa de arenito. Dois anos mais tarde, ele fez "The Broken Kilometer", uma versão daquela peça de Kassel em que instalou 500 barras de latão de acordo com uma lógica geométrica ao longo da West Broadway, em Nova York.

Essas e outras obras, como "Earth Room", uma sala cheia de terra que criou primeiro em Munique e depois em Nova York, são reflexões sobre abstrações de espaço e distância. Em outubro do ano passado, De Maria ocupou uma sala inteira do Los Angeles County Museum of Art com 2.000 barras brancas que criavam diferentes percepções no espaço com a mudança nas condições de luz e do clima do lado de fora do museu.

De Maria também tem uma obra agora em cartaz na Bienal de Veneza. Sua instalação, com dezenas de cilindros de latão dispostos numa sequência lógica na última sala do Arsenale, fecha a exposição principal da mostra italiana. Nas palavras do curador desta edição da Bienal, Massimiliano Gioni, sua obra "reage ao ruído da era da informação" ao "festejar a pureza muda e gélida da geometria".

Uma de suas obras mais antigas também foi remontada agora no remake da mostra "Quando Atitudes se Tornam Forma", em cartaz na Fundação Prada, em Veneza. Na exposição, um telefone fica no chão ao lado de um aviso, que diz "se este telefone tocar, você pode atender. Walter De Maria está na linha e gostaria de falar com você".


Endereço da página: