O cantor, compositor e sanfoneiro Dominguinhos, 72, que morreu na noite de ontem (23) em São Paulo, disse em 2011 que gostaria de ser enterrado em Garanhuns (PE), sua cidade natal, que fica no agreste de Pernambuco.
Até ontem à noite, porém, Guadalupe, mãe de uma filha de Dominguinhos e que tinha procuração para tratar de assuntos do músico, anunciava que o corpo seria enterrado no Recife.
"Se por acaso tu morrer, tu vai para Garanhuns, Santo Amaro [bairro do Recife onde se localiza um cemitério homônimo] ou fica por São Paulo?", perguntou o radialista Geraldo Freire, da Rádio Jornal, de Pernambucano, durante uma entrevista.
"Ave Maria, eu sempre falo de Garanhuns", respondeu Dominguinhos.
Ouça a entrevista:
Segundo Liv Moraes, filha do cantor com Guadalupe, o local do enterro ainda não foi definido porque há "um conflito".
Gilvany Brasileiro, advogada de Guadalupe, explicou que o conflito é que Liv não tinha conhecimento desse desejo do pai de ser enterrado em Garanhuns e, agora, quer escutar a gravação para considerar o enterro na cidade.
Segundo ela, Liv disse que, nos últimos anos, Dominguinhos não tinha manifestado esse desejo, e ela quer entender se é algo muito antigo e se deve ser levado em consideração.
Garanhuns fica a 209 km da capital pernambucana.
MEMÓRIA
O músico morreu em decorrência de complicações infecciosas e cardíacas em São Paulo, no Hospital Sírio-Libanês, para onde havia sido transferido em janeiro. Dominguinhos lutava contra um câncer no pulmão há seis anos. Ele havia sido internado originalmente em 17 de dezembro no Hospital Santa Joana, na capital pernambucana, com um quadro de arritmia cardíaca e infecção respiratória.
O corpo de Dominguinhos será velado na Assembleia Legislativa de São Paulo, no Ibirapuera, zona sul de São Paulo, até as 16h de hoje. Em seguida, seu corpo será levado a Pernambuco.
Dominguinhos deixa 2 filhos (Mauro, do primeiro casamento, e Liv, da relação com Guadalupe) e 7 netos --4 filhos de Mauro, 2 de Madalena (filha que já morreu) e um filho de Liv.
No velório, Mauro pedia à advogada de Guadalupe que o deixasse participar das decisões sobre o enterro do pai. "Descobri hoje que ele queria ser enterrado em Garanhuns. Temos de respeitar seu desejo. Por favor, eu sou filho dele", disse.
Foi em Garanhuns que Dominguinhos, aos oito anos começou a tocar e compor, com uma sanfona de oito baixos em feiras livres, para em seguida se profissionalizar com a de 48, 80 e 120 baixos.