Folha de S. Paulo


Vozes das ruas alteram fachada de prédio na Paulista durante festival eletrônico

Vozes das ruas vão mudar a cara de um dos prédios mais famosos da avenida Paulista. Quem passar em frente à sede da Fiesp vai poder falar num microfone sem fio e alterar, com a intensidade da voz, uma série de gráficos e desenhos que vão aparecer na fachada do prédio que está coberta com um painel de LED. Essa obra do grupo francês 1024 é o cartão de visitas da 14ª edição do Festival Internacional de Linguagem Eletrônica, que começa nesta terça (23).

Lá dentro da galeria do Sesi, outras obras também lidam com a voz humana, como a instalação de Rejane Cantoni e Leonardo Crescendi, uma floresta de celulares montados sobre tripés que registram a fala dos espectadores e reproduzem palavras, que aparecem nos displays dos aparelhos e são repetidas à exaustão.

Na mesma pegada radiofônica, um trabalho de Ricardo Nascimento dá dimensão visual às ondas invisíveis de rádio e celular que adensam o ar da avenida Paulista. Suas estruturas de plumas repousam ou ficam eriçadas com a presença das ondas de comunicação.

"Tem uma diversidade enorme de projetos, existe uma transversalidade entre áreas que vão do design à ciência, à arquitetura, à dança", diz Paula Perissinotto, uma das curadoras do File. "Tudo está mesclado."

Também há um grande foco em obras que lidam com o toque. Uma cama manipulada por um teclado, obra de Ricardo Barreto e Maria Hsu, por exemplo, permite que uma pessoa acione comandos para tocar outra que está deitada ali. "Tem muitos trabalhos que precisam do outro para serem percebidos", diz Perissinotto. "Só com uma pessoa, a obra não acontece."

Outro caso parecido é o trabalho de Bernardo Schor, que criou um travesseiro conectado a um medidor de batimentos cardíacos. Enquanto uma pessoa pressiona o dedo sobre um sensor, a outra, que segura a almofada nas mãos, pode sentir nela o ritmo do coração do colega.

Essa ideia de toque interativo, recorrente em obras tecnológicas, também aparece no trabalho do coletivo sul-coreano Everyware, que criou um teto com nuvens digitais. Elas respondem ao toque dos espectadores, que podem alterar tamanho, número e posição das formas com as próprias mãos.

FESTIVAL INTERNACIONAL DE LINGUAGEM ELETRÔNICA
QUANDO seg., das 11h às 20h; ter. a sáb., das 10h às 20h; dom., das 10h às 19h; até 1º/9)
ONDE Centro Cultural Fiesp (av. Paulista, tel. 0/xx/11/3146-7405)
QUANTO grátis


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