Folha de S. Paulo


Márcia Haydée diz que bailarinos não precisam sair do Brasil para crescer na carreira

A chuva e o frio não afastaram o público do Festival de Dança de Joinville. Na noite de sábado (20), o Centreventos Cau Hansen, com capacidade para mais de 4.500 pessoas, estava lotado para ver parte da mostra competitiva nas categorias dança contemporânea (solo feminino, masculino e conjunto) e danças populares.

O nível dos trabalhos, selecionados pela curadoria artística, mostra que o Brasil é mesmo um celeiro de talentos da dança, com peças niveladas e de muita técnica.

No domingo (21), na abertura dos seminários, a bailarina brasileira Márcia Haydée esteve presente e falou justamente sobre esse talento dos brasileiros. "Não é preciso sair do Brasil para desenvolver-se como bailarino. Eu fui para a Europa porque a vida me levou, não procurei isso", fala ela, citando exemplos como o de Cecilia Kerche (bailarina do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, presente no seminário) e Ana Botafogo.

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A bailarina Márcia Haydée fala ao público na abertura dos seminários do Festival de Dança de Joinville - Crédito: Divulgação ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
A bailarina Márcia Haydée fala ao público na abertura dos seminários programados no Festival de Dança de Joinville

Muito bem-humorada, a diretora da Companhia Nacional de Dança do Chile, no cargo desde 1993, falou sobre momentos marcantes de sua carreira, entre eles a entrada para o Ballet do Marquês de Cuevas; a parceria de 38 anos com o bailarino Richard Cragun, com quem esteve casada por 16 anos; a carreira no Ballet de Stuttgart, desde 1976, quando virou musa do então diretor John Cranko e passou a ser disputada por coreógrafos do mundo todo, como Maurice Béjart, Jirí Kylian e Glen Tetley, entre muitos outros. "Minha vida sempre foi cheia de personagens", diz ela.

Márcia conta que, na primeira vez que foi ao Chile, nos anos 1960, passou por um terremoto e por um maremoto em Viña Del Mar. "Mesmo assim, o Marquês de Cuevas, que era incansável, exigia que dançássemos. Quando voltei, muitos anos depois, estava relutante, mas fiquei apaixonada pela companhia e seu calor humano". Haydée foi chamada para coreografar e depois para ser diretora, quando se dividia entre Stuttgart e o Chile.

Cecilia Kerche perguntou como ela se sentia sendo a musa de tantos importantes coreógrafos. "Eu sempre me colocava a eles como se fosse uma tela em branco e entendia o que queriam, talvez seja isso. Se você não se sente livre no palco, não vai passar isso para o público", disse a eterna Julieta de John Cranko.

A jornalista KATIA CALSAVARA viajou a convite do festival


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