Folha de S. Paulo


Enteada de Picasso denuncia roubo de 407 obras do pintor espanhol

Catherine Huntin-Blay, 65, filha de Jacqueline Picasso e enteada do pintor espanhol, afirmou que um total de 407 obras do artista foram roubadas nos últimos anos, incluindo desenhos, litografias e catálogos, informou nesta sexta-feira (12) o jornal "Le Parisien".

Os trabalhos, que fazem parte da coleção de Catherine, devem valer entre US$ 1,3 milhão e US$ 2,6 milhões.

A enteada de Picasso contou que, em 2011, já havia divulgado o desaparecimento de algumas das obras que herdou de sua mãe. Naquele ano, ela foi alertada pela Picasso Administration sobre a venda de alguns desenhos em uma galeria de arte que, mais tarde, comprovou serem de sua propriedade.

A Picasso Administration, sediada em Paris, é uma organização que administra os direitos dos herdeiros do artista espanhol.

France Presse
Picasso entre algumas obras em sua casa, em Mougins, na França, em imagem de fevereiro de 1973
Picasso entre algumas obras em sua casa, em Mougins, na França, em imagem de fevereiro de 1973

A investigação sobre o desaparecimento das obras pertencentes a Catherine, que é filha da última mulher de Picasso, foi iniciada há dois anos e acabou evidenciando uma esquema que teria contribuído para o roubo de centenas de obras do artista ao longo de vários anos. De acordo com relato de Catherine, os roubos teriam ocorridos entre 2005 e 2007

"Quis verificar se tinha as obras, arquivadas em seus catálogos, em papel não ácido: já não estavam! Isso desencadeou o resto", explicou a enteada de Picasso que, desde 2010, abre seu castelo de Vauvenargues, na França, para o público poder ver parte de sua coleção.

O jornal parisiense também revelou que Sylvie Baltazart-Eon, 58, filha do ex-marchand do pintor espanhol Aimé Maeght, também teve obras roubadas.

De acordo com o "Le Parisien", Freddy Munchenbach, um "homem de confiança" que fazia trabalhos tanto na casa de Sylvie quanto na da enteada de Picasso, é o principal suspeito de ter roubado mais de 600 obras das duas mulheres.

Munchenbach, o suspeito, teria passado as obras para Toni Celano, um litógrafo detido na Itália em janeiro, que poderia ter sido o responsável por revende-las à galeria parisiense Belle et Belle. Na trama também surge o nome de Richard P., eletricista e amigo de Munchenbach, que emoldurou e exibiu em sua casa litografias originais de Miró e Francis Bacon.

Além das obras de Picasso, o grupo teria roubado das duas mulheres 265 estampas de Joan Miró, Kandinsky, Antoni Tàpies, além de esculturas de Giacometti e Eduardo Chillida.

Catherine Huntin-Blay disse ao "Le Parisien" que, até agora, só conseguiu recuperar 22 obras, mas que a investigação continua: "Tenho a sorte de ter fotografado tudo antes do roubo".


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