Folha de S. Paulo


Estrangeiros da Flip participam da Flupp, festival das UPPs, no RJ

"Fiquei fascinado quando me convidaram para vir à Festa Literária das Unidades de Polícia Pacificadora. É o melhor nome que já vi para um festival."

Ainda que com certa ironia, a frase do escritor irlandês John Banville tinha também um claro tom de contentamento por sua participação na referida Flupp, no Rio.
Banville, que falou anteontem para um público de cerca de 500 pessoas -a maior parte estudantes da rede municipal-, foi um dos sete convidados internacionais da Flip que participaram da festa literária das UPPs.

O encontro aconteceu na Penha, zona norte do Rio, e trouxe, entre outros, a franco-iraniana Lila Azam Zanganeh, que, assim como na Flip, conversou em português com a plateia, e a americana Lydia Davis. Ambas falaram sobre como se tornar escritor.

"É maravilhoso vir a uma área pobre e levar algo para quem quer que se interesse, gratuitamente", disse Davis.

Ciente da diferença entre o público da Flip e o da Flupp, Banville disse que as dificuldades dos jovens mais pobres para obter livros não pode servir de desculpa para não cultivar o hábito da leitura.

"Eu cresci numa cidade pequena, que não era exatamente incentivadora da leitura. Na minha casa não havia muitos livros, tive de descobrir o mundo da literatura por conta própria. Não é impossível, requer entusiasmo e um pouco de trabalho. E que mal há nisso?"

A Flupp é um evento de longa duração, com três etapas; a mais curta delas é a que aconteceu no início desta semana, aproveitando a presença dos estrangeiros.

Entre maio e novembro acontece a Flupp Pensa, série de oficinas literárias em 20 comunidades do Rio. Nelas são selecionados 41 autores iniciantes que terão seus textos publicados. Os escolhidos serão anunciados no evento de encerramento, em novembro, na favela de Vigário Geral, com a presença de autores consagrados.


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