Folha de S. Paulo


Com problemas de tradução, Flip chega ao fim

Tradicional mesa de encerramento da Flip, a Livro de Cabeceira reúne escritores para ler trechos de seus livros prediletos. Nesta edição, participaram sete autores. A mediação foi de Liz Calder, fundadora da Flip.

"Os nossos escritores escolheram seus livros favoritos, os que levariam consigo se ficassem presos em uma ilha deserta", disse Calder.

O brasileiro Daniel Galera escolheu um trecho de "As Nuvens", de Juan José Saer (1937-2005), seu autor argentino predileto.

Jérôme Ferrari destacou um novo nome da literatura francesa, Mathias Énard., e seu livro "Fala-lhes de Batalhas, de Reis e de Elefantes"

O americano John Banville resgatou um ensaio de Ralf Waldo Emerson (1803-1882), "Experience".

"Emerson foi um dos fundadores do projeto americano. Hoje está na moda falar mal da América, mas a América é um projeto de aventura maravilhoso."

O francês Laurent Binet escolheu o romance russo "Vida e Destino", de Vasily Semyonovich Grossman, que disse ser uma espécie de "Guerra e Paz", mas passado durante a Segunda Guerra.

Danilo Verpa/Folhapress
Mesa Livro de Cabeceira com os convidados: Jerome Ferrari, John Banville, Laurent Binet, Lydia Davis, Tobias Wolff, Daniel Guerra e Mamede Mustafa Jarouche no encerramento da Flip 2013 em Paraty
Mesa Livro de Cabeceira com os convidados: Jerome Ferrari, John Banville, Laurent Binet, Lydia Davis, Tobias Wolff, Daniel Guerra e Mamede Mustafa Jarouche no encerramento da Flip 2013 em Paraty

Durante a leitura, o público começou a reclamar que sua fala não estava sendo traduzida nos fones de ouvido.

A leitura foi interrompida e a intérprete explicou que o texto entregue na cabine de tradução não era o mesmo que o escritor estava lendo.

No Livro de Cabeceira, a tradução não é feita simultaneamente - as intérpretes leem textos já vertidos para o português. Caso o livro não tenha sido lançado no Brasil, a Flip providencia a tradução prévia do trecho selecionado.

Enquanto o problema era resolvido, a americana Lydia Davis assumiu o lugar do francês.

"Se tivesse que levar de fato um livro para um ilha, seria o dicionário Oxford, pois é enorme e tem muita literatura ali dentro", comentou. Ela leu então trecho de "Hotel Mundo", de Ali Smith.

Depois dela, o brasileiro Mamede Mustafa Jarouche foi de "A Lua Vem da Ásia", de Campos de Carvalho.

"Ele me é muito caro. Acho um absurdo que não seja mais conhecido, mais divulgado", comentou.

O americano Tobias Wolff voltou à literatura russa e leu "A Dama do Cachorrinho", clássico conto de Anton Tchékhov (1860- 1904).

Por fim, Binet retomou sua participação. A organização esclareceu que ele estava lendo a primeira parte do capítulo 54 do livro, mas as tradutoras estavam apenas com a segunda parte do mesmo.

A tradução, então, foi feita simultaneamente à leitura do escritor.

"Muito obrigado a todos, foi excelente. Queria agradecer aos intérpretes que fizeram um excelente trabalho", concluiu Calder.


Endereço da página:

Links no texto: