Folha de S. Paulo


Penúltima mesa da Flip dá aula a respeito de ensaio

A penúltima mesa da Flip, no final da tarde de hoje, foi o que se pode chamar de aula a respeito do ensaio.

Sob a mediação do jornalista e escritor Paulo Roberto Pires, os ensaístas Geoff Dyer (autor de "Todo Esse Jazz" ) e John Jeremiah Sullivan (autor de "Pulphead" ) falaram sobre a origem do gênero e sua forma leve e acessível, além de seus processos criativos.

Para Dyer, falando na relação do caráter academicista que é marca do ensaio no Brasil, em comparação com a liberdade do ensaio de língua inglesa, o gênero pode ser definido como um dever de casa da idade escolar, em que os nossos conhecimentos vão sendo postos à prova, além da nossa capacidade de aprendizagem.

"O ensaio é na verdade um reflexo da nossa educação, da nossa formação, um exercício regular e amador de olhar o mundo", disse ele.

Danilo Verpa/Folhapress
Mesa A Arte do Ensaio com Geoff Dyer e John Jeremiah Sullivan durante a Flip 2013 em Paraty
Mesa A Arte do Ensaio com Geoff Dyer e John Jeremiah Sullivan durante a Flip 2013 em Paraty

Os dois concordaram que o gênero é, desde a sua origem, algo destinado à reflexão sobre uma experiência individual e, sobretudo, acessível a todos, como leitura ou como atividade.

"O ensaio é meio como um vira-lata. É literatura, mas também é reportagem, pode ser filosofia, tem essa coisa híbrida que aceita tudo para enriquecer a experiência de quem escreve e a do leitor", disse Sullivan.

Autores de ensaios sobre os mais diversos assuntos, de corridas de cavalo a ioga, passando por Axl Rose e Michael Jackson, Dyer e Sullivan reiteraram a capacidade do ensaio de se adaptar a qualquer assunto, seja ele banal ou altamente intelectualizado.

"Todo ensaio é uma jornada de alguém em busca de uma experiência, por isso eu estranho quando as pessoas classificam alguns livros meus como 'de viagem'. Mas tudo que é movido pela curiosidade é um tipo de viagem", ponderou Dyer.


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