Folha de S. Paulo


Inglesa criadora da Flip diz que preços dos ingressos são tão baratos quanto possível

Entre as diversas bandeiras levantadas durante o protesto que aconteceu em Paraty (RJ) na tarde deste sábado, uma dizia respeito ao alto preço dos ingressos da Flip, que estariam impedindo a população local de participar da festa --as entradas para a Tenda dos Autores, a principal, custaram R$ 46; na Tenda do Telão, que exibe as palestras em uma tela, os ingressos custaram R$ 12.

A editora inglesa Liz Calder, 75, criadora da Festa Literária Internacional de Paraty, afirmou que "seria bom" se os ingressos pudessem ser mais baratos, mas que os altos custos para produzir o evento fazem com quem seja necessário ter algum lucro com a venda de entradas.

A Flip 2013 foi orçada em R$ 8,6 milhões, dos quais 63% vêm de recursos públicos, 27% de patrocínio não incentivado e 10% da própria Casa Azul, organizadora da festa. O preço dos ingressos foi aumentado nesta edição, o primeiro reajuste em três anos, segundo os organizadores.

A organização da Flip informa que todo ano 10% dos ingressos da Tenda dos Autores são disponibilizados gratuitamente para professores e alunos da rede local, mas que a cota quase nunca é atingida por falta de procura --apenas mesas como a de Maria Bethânia, na noite de quinta, costumam ter toda a cota esgotada.

Calder falou à Folha nas ruas da cidade, logo após o fim do protesto que percorreu o centro histórico e chegou a interditar a ponte que dá acesso às tendas da Flip. O som dos manifestantes foi ouvido dentro da Tenda dos Autores durante a mesa da tarde.

Mastrangelo Reino-5.ago.2010/Folhapress
A idealizadora da Flip, Liz Calder
A idealizadora da Flip, Liz Calder

Como a sra. viu os protestos hoje em Paraty?
É bom que as pessoas estejam falando o que sentem sobre coisas que as deixam insatisfeitas, como a desigualdade. É perfeitamente normal que elas digam o que acham que pode ser melhorado.

Uma das reclamações diz respeito aos preços da Flip, que impedem os paratienses de participar da festa.
Não acho que seja verdade, muita gente consegue participar, não na Tenda dos Autores, mas na do telão. Em todos os lugares do mundo há instalações diferentes, não acho que a Flip esteja impedindo as pessoas de participar. Tentamos manter a festa aberta às pessoas, mas temos de cobrar algo, para mantê-la funcionando.

Mas a sra. concorda que o valor é caro para a maior parte dos moradores?
Seria bom se o preço pudesse ser mais baixo, obviamente, para que mais pessoas pudessem comprar. Mas é preciso um equilíbrio com o que se gasta para montar a Flip, trazendo todas essas pessoas de diferentes cantos do mundo, então é preciso ter algum lucro com a venda de ingressos. Mas, se fosse possível reduzir o preço dos ingressos, seria muito bom.

Por que a decisão de debater os protestos na festa?
É muito importante, não se pode ignorar esse sentimento. A Flip tem de ser, à sua maneira, um veículo para a discussão dessas coisas. É disso que a festa trata, é um lugar de discussões abertas, onde mais as pessoas teriam a chance de falar sobre o que está acontencedo? É uma grande oportunidade, e a Flip tem de oferecer isso.


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