Folha de S. Paulo


Manifestantes protestam durante mesa na Flip e organizam passeata no sábado

Um grupo de quatro mulheres ligadas ao Fórum das Comunidades Tradicionais de Paraty abriu duas faixas de protesto durante a mesa da Flip que reuniu Gilberto Gil e a historiadora Marina de Mello e Souza, na tarde desta quinta-feira (4).

Uma das faixas trazia o nome do grupo e a outra pedia "Educação diferenciada".

O fórum, criado em 2006, reúne indígenas, quilombolas e caiçaras da região de Paraty e tem como bandeira principal "a defesa do nosso território", segundo Laura Maria dos Santos, integrante do quilombo do Campinho, em Paraty.

Assim como as demais manifestantes, ela recebeu convites da organização para assistir à mesa, que era intitulada "Culturas Locais e Globais" e tratava da defesa das manifestações culturais populares. A presença das manifestantes foi reconhecida e saudada pelo mediador do debate, Alexandre Pimentel, diretor da Biblioteca Parque de Manguinhos, no Rio.

O fato de terem sido convidadas pelos organizadores --elas também receberam ingressos para o show de abertura, feito por Gil na noite de quarta-feira-- não as impediu de criticar a festa literária, por seu caráter comercial, que acaba excluindo os mais pobres.

"Neste momento, estamos usando a Flip, porque ela é um portal para o mundo. Mas a Flip ainda está em um contexto muito comercial. A gente precisa equalizar, para que as comunidades paratienses não sejam excluídas", disse Laura.

Segundo ela, os ingressos para a Flip são muito caros (R$ 46 na tenda dos autores, R$ 12 na do telão) para a população mais pobre, e a cota de convites que a organização disponibiliza é insuficiente.

"É um mega-evento, para a cidade por uma semana, e o paratiense está dentro dele só como prestador de serviço. A gente quer mais, quer que os jovens estejam aqui em massa. Esse conhecimento é muito importante. Eu estou aqui hoje porque recebi uma cortesia, gostaria de poder estar aqui pagando."

O Fórum das Comunidades Tradicionais, que diz se aproveitar há anos da atenção midiática dirigida à Flip para protestar, se juntará no próximo sábado ao grupo chamado Acorda Paraty, para uma passeata de protesto pela cidade.

"Neste ano, como está havendo manifestações em todo o Brasil, estamos compondo com o Acorda Paraty. Eles já fizeram duas manifestações antes, e vamos sair com eles no sábado."

O protesto começa às 9h, no cais turístico da cidade, e passa pela rodoviária, pela avenida principal (av. Roberto Silveira), para na ponte que liga os dois lados da cidade --bem ao lado da Tenda dos Autores-- e termina na prefeitura, onde será entregue um manifesto ao prefeito.


Endereço da página:

Links no texto: