Na tarde desta quarta-feira (3), pouco antes da abertura oficial da Flip 2013, a editora Record lançou uma edição comemorativa de 80 anos de "Caetés", romance de estreia do escritor alagoano Graciliano Ramos, homenageado desta edição da festa literária.
Considerado um romance de costumes moderno, o livro escrito entre 1925 e 1928, e revisado pelo autor em 1930, narra a história de um escritor com planos de um grande romance que acaba sucumbindo à mesquinharia e a tacanhice dos tipos de uma pequena cidade do interior.
Segundo o professor da USP Erwin Torralbo, responsável pela organização da edição junto com a pesquisadora Elizabeth Ramos (neta do escritor), "o problema, digamos assim, de 'Caetés' é ter irmãos de valor literário muito alto".
Explica-se: em 1934, Graciliano publicaria "São Bernardo", seu segundo romance e que o consagraria entre a crítica e o público, livros que muitos tem como a estreia do autor.
Segundo contou Ricardo Ramos, neto de Graciliano, numa dedicatória para a sua mãe, o avô dizia que o romance não era tão bom assim, "mas tinha um ótimo prefácio", se referindo ao texto do crítico Antonio Candido para a terceira edição da obra.
"Mas é preciso dizer que, a despeito de 'São Bernardo', 'Angústia' e 'Vidas Secas', o nome de Graciliano já estaria posto no debate da literatura brasileira por 'Caetés'", defendeu Torralbo, que recolheu os textos de fortuna crítica que acompanham a edição -lá estão nomes como Aurélio Buarque de Holanda, José Lins do Rego e Jorge Amado analisando a obra.
Autor nacional mais vendido da Record (mais de 4 milhões de exemplares), Graciliano tem sido modernizado aos poucos no mercado. Só neste ano parte de obra (12 livros) estará disponível em formato digital.
FUTURO
Em março do ano que vem, quando se completam 61 anos de sua morte, será lançada uma edição especial de "Memórias do Cárcere" e muito possivelmente uma coletânea de entrevistas. Também para 2014, está previsto o lançamento de "Cangaços", que reunirá textos (alguns inéditos) de não ficção do autor.